Leandro.Bonizi 19/12/2022
Álvares de Azevedo, 1831-1852, carioca, foi um poeta da segunda geração romântica, a ultrarromânrica. Morreu com apenas 20 anos devido a uma tuberculose. Lira dos Vinte Anos foi uma publicação póstuma em 1853.
Já inicia a vida com um verso de Bocage: "Cantando a vida, como o cisne a morte."
A delicadez dos seus veros é marcante, e usa de prosopopeia nos versos seguintes, além de contrapor vários sentidos:
"E que perfumes no vento!
Que vida que se bebia
Na noite que parecia
Suspirar de sentimento!"
Usa de erotismo, e fala muito de sonhos.
"E ela, triste mulher, ela tão bela,
Dos seus anos na flor,
Por que havia de sagrar pelos meus sonhos
Um suspiro de amor?"
Mas há uma desilusão com os sonhos:
"Meu triste coração, é tempo, dorme,
Dorme no peito meu!
Do último sonho despertei e n’alma
Tudo! tudo morreu!"
"E a sangue frio renegar dos sonhos
E blasfemar de Deus!"
Como um típico ultrarromântico. quer morrer de amor:
"E que eu viva de amor nos teus joelhos
E morra no teu seio o meu viver!"
Contrapor ideias também é sua marca registrada:
"Por ti — as noites eu velei chorando
Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!"
Apesar de cultuar a morte, parece dizer que a vida é bela:
"A nós a vida em flor, a doce vida
Recendente de amor,
Cheia de sonhos, d’esperança e beijos
E pálido langor..."
O sofrimento cai sofre o eu-lírico:
"Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento."
Também tem metapoemas:
"A poesia é a luz da mocidade,
O amor é o poema dos sentidos""
Em seu erotismo, cita com frequência o seio da amada. No final do livro, fala que no fim o que vale mesmo é o dinheiro:
"Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que meu peito assim blasfema,
É ter por escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela."