Tardin 15/02/2016
Rin Tohsaka
O volume dois da adaptação para o mangá das rotas de Fate Stay Night continua, desta vez dando foco para a personagem de Rin Tohsaka.
Achei interessante a escolha de colocar o trecho de sua invocação somente na segunda edição do mangá, provavelmente com o objetivo de dar maior destaque para Shirou Emiya no primeiro volume. Para quem não sabe, o visual novel começa pelo olhar de Rin, seguindo todo o dia que ela "summona" seu servo, e é só depois do incidente com Shirou que voltamos no tempo e começamos a seguir a história pelo olhar do protagonista.
Não vou me estender sobre o que acontece, mas acho interessante desenvolver certos detalhes que podem ter sido perdidos.
O primeiro é sobre a fórmula de invocação do servo e o que ela significa. Existem várias traduções do original em japonês, e com cada uma delas um novo significado pode ser absorvido.
A invocação é demasiada simples, como descrito por Kiritsugu em Fate/Zero, para o efeito que produz. Na verdade é o Graal que invoca os servos, sendo o trabalho dos mestres apenas ancorá-los no mundo físico. E a partir daqui é a minha interpretação do que está sendo dito através da fórmula:
A invocação é claramente dividida em três partes. A primeira trata de preparar uma porta e um caminho para que o servo alcance o mundo físico.
"Uma essência de prata e ferro; uma fundação de pedra e o grão-duque dos contratos; e como ancestral meu grande mestre Schweinorg." (A prata e o ferro é do que é feito o círculo/porta; a fundação de pedra e o grão-duque fornecem uma estrutura sólida o bastante para suportar a grandeza do feito, primeiro de forma física e depois de autoridade; e declarar o nome do seu mestre tem o objetivo de trazer para o mago o poder de um nome forte que ele próprio não tem, o famoso "eu conheço gente.")
"Erga uma muralha contra o ruído; tranquem-se os portões nas quatro direções; e que a estrada bifurcada que leva da coroa ao reino circule." (A muralha contra o vento/ruído é para proteger a ligação entre mago/servo de distrações que poderiam fazer a energia se dissipar no caminho; o trancar dos portões pode ser interpretado como o fechamento das direções físicas, já que o servo virá do metafísico e não das direções cardeais; a estrada bifurcada, ou a encruzilhada, é o caminho do nosso mundo para o post-mortem. A ordem para que ela circule é uma reversão do sentido da estrada. Todos os heróis morreram e foram para o trono, mas o mago pede que ele faça o caminho inverso e retorne para o mundo dos vivos.)
"Encha-se; encha-se; encha-se; encha-se; encha-se. Repita o processo cinco vezes, mas destrua-se a cada vez que for preenchida." (Trecho meramente ritualístico)
Agora que a porta foi preparada, a invocação chega na sua segunda parte. Nessa parte serão ditados os termos do contrato entre mago e servo.
"Assim eu declaro: Minha vontade gera o seu corpo, tua espada gera o meu destino; Pelo chamado do Graal, se concordas com esses termos, responde ao meu chamado." (O mago gera a mana que mantém o estado físico do servo, o servo é responsável por trazer a vitória ao mago. Além disso, quanto a linha de contratos, deixa bem claro qual a responsabilidade de cada um. E mais uma vez, é pelo chamado do Graal que eles são convocados, o mago propõe o acordo e solicita a resposta do servo.)
"Um juramento aqui será feito. Deverei ser eu o possuidor de todo o bem do mundo. Deverei ser eu o possuidor de todo o mal do mundo." (Não é tão claro porque significa várias coisas que não conflitam entre si. Pode se referir a posse do servo, a aceitação de quem quer que ele seja. Pode se referir a conduta do mago, de não se restringir de nenhum modo na busca do objetivo. E também pode ser um juramento de vitória, já que com a conquista do Graal o mago terá a seu dispor, através do pedido, todo o bem e/ou mal do mundo.)
Depois de estabelecidos os termos do contrato, chega a última parte da invocação, que é a invocação de fato.
"Do sétimo céu, envolto pelas três grandes palavras de poder, avance do círculo de confinamento, protetor do equilíbrio celestial!" (O sétimo céu poderia significar o trono dos heróis, mas tenho impressão que se refere ao lugar especifico de onde os servos já chamados pelo Graal aguardam serem convocados, isso porque é o "sétimo" céu, e são sete servos. A parte do envolto/escoltado/preso pelas três grandes palavras de poder se refere aos selos de comando que cada mago tem. E por fim existe a ordem para que o servo se materialize, já que ele não seria capaz, em teoria, de pisar para fora do círculo sem a ordem do mago.)
Ficou longo, mas espero que tenham gostado. O mais engraçado é que mesmo com todos esses significados nós podemos observar que, como Kiritsugu apontou, o ritual é uma balela. Quem faz o trabalho de verdade é o Graal, e mesmo sem a fórmula de invocação servos podem ser invocados, vide Saber.
E o segundo detalhe que eu mencionei se refere ao "Tiger Dojo" no final do volume. Esse quadro aparecia no visual novel sempre que você acabava em um "bad end", e era lá que a Sensei Taiga (Tiger) e a Ilya te davam dicas de como consertar os seus "erros" para conseguir chegar no final canônico da rota.