Sabrina 21/07/2010
Uma ficção apenas para se divertir - e comparar com Crepúsculo
Me senti na obrigação de escrever uma resenha para este livro. Não tanto pela obra em si, mas sim pelo seu, digamos, "sucessor". Mas vamos por partes. Primeiro, vou tentar resumir os pontos fortes e fracos da história. Depois eu explico a minha indignação.
O enredo é bom. Tem um ritmo que é muito rápido de ser lido. A leitura flui facilmente, mesmo tendo tantas partes que deixam dúvidas. Estranhei um pouco a estrutura de ir falando primeiro como os personagens se sentem, fazendo poucas alusões ao que aconteceu de fato, para só depois, lá pela metade do livro, explicar o que ocorreu. Por exemplo, nos primeiros parágrafos, dá pra deduzir precariamente que os pais de Elena morreram, mas só bem depois tudo é explicado. Eu também demorei a entender que Margareth era irmã da protagonista.
A mesma estrutura é utilizada para ir introduzindo o leitor na história de vida de Stefan, o vampiro por quem Elena se apaixona. Não achei a estratégia muito boa. O objetivo da escritora provavelmente era prender o leitor pela curiosidade, mas não funciona bem. O que eu tive foi mais uma sensação irritante de que o que era realmente importante nunca era elucidado. Na verdade, o que acaba fazendo o leitor ir até o final é o ritmo, e a brevidade da história, que permite terminar o livro em poucos dias. Se fosse mais longo, provavelmente teria acabado com a minha paciência tanto mistério sendo resolvido só nas últimas páginas.
Mas isso ainda não é o pior do enredo. O pior mesmo é a personalidade dos personagens. Eles não parecem ter 17, 18 anos. Parecem ter 12 ou 13. As preocupações são geralmente fúteis, as conversas e as ações são tolas. Alguns parágrafos, onde só narram como Elena se acha bonita, podiam realmente ser cortados. E há algumas partes inverossímeis. Como Elena pode ter certeza de que ama Stefan logo após beijá-lo pela primeira vez, se antes nunca nem tinha falado com ele? E como ela aceita tão rapidamente quando fica sabendo que ele é vampiro? É tudo muito breve, tudo muito certo para ela, e isso acaba transformando a protagonista em uma personagem rasa, e não de uma personalidade forte e inabalável como a autora tenta descrevê-la.
Falo mais dos pontos negativos, mas devo deixar registrado que o livro é interessante sim, se for lido despreocupadamente, apenas a título de diversão, sem se preocupar com detalhes. É uma história legal, mas só se o leitor não tiver lido antes o livro Crepúsculo, de Stephenie Meyer, que vem fazendo tanto sucesso.
Pois é aí que reside toda a minha indignação, e que não me deixou aproveitar a história. Explico: Diários do Vampiro, (alias, por que esse título foi escolhido? Não vi nenhum trecho de diário que fosse de algum vampiro. Mas eu divago...), foi publicado na década de 90, portanto, é bem anterior aos best-sellers da saga Crepúsculo. Como então eu posso deixar de pensar que Stephenie Meyer plagiou L.J. Smith?
A semelhança é gritante, e patética. São exatamente as mesmas situações, em várias partes! Edward ignora Bella na secretaria da escola? Stefan faz exatamente o mesmo com Elena! Edward salva Bella de uma tentativa de estupro, e então eles começam a se falar mais seriamente? Acredite, Stefan também! E daí Elena descobre que o ama! E o que me deixou mais indignada, pois achava que nesse ponto Meyer tinha sido original: em Diários do Vampiro, eles também podem se alimentar só de sangue de animais!
Esses são só dois exemplos, mas há muitos outros. Até mesmo onde as protagonistas são diferentes, agora me parece que são forçadamente opostas, exatamente para tentar despistar, para tentar criar algo de novo no que está sendo repetido.
Crepúsculo pode ter sido mais feliz que Diários do Vampiro ao conseguir captar exatamente as emoções dos adolescentes, mas isso não me deixa perdoar a história. OK, nos próximos livros, provavelmente a saga Crepúsculo se distanciou muito de seu predecessor. Mesmo assim, fiquei com um gosto amargo de que algo que eu achei que era original é simplesmente uma cópia descarada. Se eu tivesse adquirido os volumes de Meyer, eu os queimaria em praça pública.