Robert125 24/01/2021
Atemporal, porém sua leitura deve ser feita de forma crítica
É incrível como Orwell conseguiu retratar três figuras históricas de maneira tão sútil e didática em seus personagens ao longo da trama (Karl Marx - Major; Trostki - Bola-de-Neve e Stalin - Napoleão), fazendo comparações fidedignas ao mito soviético, principalmente à forma como o proletariado é explorado pelos detentores dos meios de produção.
Além disso, é possível analisar que toda teoria pode ser usada para o mal, quando assim desejada. Esse livro não é um julgamento ao comunismo, mas sim uma crítica ao totalitarismo, ao poder exacerbado e praticado de modo tirânico, que pode ocorrer em qualquer modo de produção.
Fazendo paralelo com os dias atuais, as ovelhas da estória podem remeter aos bolsonaristas, que compram e reverberam qualquer discurso que lhe são repassados pelo seu líder. O personagem "Garganta" desempenha um papel fundamental em disseminar "fake news" entre os animais da fazenda, como porta-voz de um governo sem escrúpulos e baseado na manipulação. Defender uma coisa e logo após voltar atrás é algo bem corriqueiro no governo Bolsonaro, não é mesmo?
Outro ponto que me chamou atenção: a construção do moinho de vento, que até então era veementemente negado pelo personagem "Napoleão" e logo após a expulsão de "Bola-de-Neve", o "líder" assumiu o projeto como sua ideia e recebeu todos os créditos. Parece que já vi esse filme em 2020, quando o auxílio emergencial só foi aprovado no valor de R$600,00 graças a pressão do Congresso, fazendo do governo federal o maior beneficiado...
Enfim, esse é um livro que pode e deve ser feita diversas análises! Falar que é uma crítica exclusivamente ao comunismo ou ao mito do socialismo soviético é uma observação rasa, já que o mesmo é considerado um clássico e atemporal devido as diversas camadas que podem ser aplicadas e comparadas a governos fascistas e ditatoriais.