spoiler visualizarEstrela Sabidinha;3 29/05/2024
Imersão inigualável do ser
De forma como nunca tinha visto antes, Mary Shelley trouxe a profundidade de dois seres interligados pela ambição constante do homem. A forma como nos é apresentado a vida de Frankstein desperta uma curiosidade, seria a vida dele perfeita? Relevando o fato de que sabemos que teria de haver um declínio em sua história para a trama, seus passos sussurravam possibilidades, ora, que destino grandioso guardaria a natureza incessante e inabalável do nosso querido cientista?
Mas a natureza humana tem suas balbúrdias! Mary nos questiona: "o quão preciosos são seus desejos? Está disposto a entregar tudo que lhe atrela ao mundo tentando desvendar as perguntas do universo?"
Me partiu o coração, e ressenti-me com os eventos, com as perdas, que pareciam tão distantes e brutalmente inescapáveis, perde-se a pureza da infância ao enveredar-se por caminhos tortuosos, perde-se a liberdade por acusação injusta, perde -se a amizade pelo descuido, perde-se o amor por paranóia e desola-se a alma, perdendo o amparo na forma de um pai. Cada um trouxe aquilo de mais íntimo no ser que foi esmagado pela dor do remorso.
Nisto vemos o monstro, que nem gasta-se tempo nomeando, como reflexo quebrado da angústia de um homem. Diversas vezes, e estes jogos de comparação me despertaram interesse, temos a criação de Deus em sua misericórdia comparada com a criação de Frankenstein. Por que havia criado tal criatura?
Por vezes, é interessante notar, que a escuridão que manifestavasse na mente de Frankenstein é combustível de sua criação em seus atos malefícos. As crenças de um mundo melhor, a desilusão, a ambição, a avidez e a obstinação em perseguir e fechar se na infinita culpa e remorso de uma vida quebrada.
E assim terminam, criador e criatura, que tiveram seu triunfo na invencibilidade da morte, enfrentando-a, caindo do pedestal do apetite voraz humano, para nunca serem esquecidos pela literatura.