ludwig2 11/11/2022
A responsabilidade do cientista
Victor Frankenstein é um jovem cientista que almeja grandes descobertas na sua área: a filosofia natural. Para isso, não mede esforços no seu trabalho e estudo. Depois de anos de trabalho árduo, estudando e mexendo em cadáveres, consegue criar uma criatura viva e racional. Porém, quando ela abre o olho, ele foge, por medo. Não suporta o olhar, a presença daquilo que criou. Assim, Victor é um cientista que não se preocupou com as consequências da sua invenção, e essas consequências acabam por destruí-lo. Portanto, os cientistas e inventores devem constantemente pensar sobre os resultados daquilo que pesquisam e criam, para não se tornarem pesquisadores narcisistas e desimplicados, como Victor Frankenstein, com sede de fama e glória, e que acabam criando algo que pode ter consequências nefastas para toda a humanidade. O egoísmo de Victor pode ser uma maneira de a autora criticar os homens cientistas de seu tempo.
O livro inteiro é um vai-e-vem de sentimentos de vingança, ódio, arrependimento e medo, tanto por parte de Victor, quanto por parte da criatura. Para mim, no início foi uma leitura fluida e divertida, mas ela começou a ficar enrolada, chata, muito lenta. Fico com a impressão de que o livro poderia ter 100 páginas a menos. Ainda assim, é uma obra publicada há 204 anos, e sua autora tinha 19 anos quando a escreveu. Além do mais, é um clássico, pela originalidade, pela analogia literária da ciência, e pelo pioneirismo em escrever uma história desse tipo, quase de "ficção científica".
A maior analogia que me veio em mente é a da Inteligência Artificial nos dias de hoje. Por um lado, pensa-se que ela pode trazer coisas boas, e inclusive ter virtudes superiores às humanas — como a criatura de Frankenstein era muitas vezes mais "humana" em seus sentimentos do que o seu criador —; mas, por outro lado, há o medo de que a IA se torne um "monstro" que destrua a humanidade
A mensagem final de Victor Frankenstein para o seu interlocutor Walton, que escreve a história em cartas, encerra esta breve resenha: "Busca a felicidade na tranquilidade e evita a ambição, mesmo aquela, aparentemente inocente, de distinguir-se na ciência e nas descobertas."