R...... 04/03/2015
A HQ faz parte de uma coleção da editora Nemo, idealizada por Béka & Marko. O que essas obras têm em comum são as narrativas onde crianças protagonizam histórias e experiências de saberes locais. Uma valorização do legado cultural a que estão sujeitas, vendo-se um paralelo entre crenças e inserção disso na realidade, que provocam uma reflexão a um observador mais cuidadoso, o leitor, da origem e representatividade disso.
Nessa obra, Amakalá e Iemená são as protagonistas. Meninos do país Dagon que, por temerem uma seca mais prolongada, resolvem por em prática tudo que sabem para contornar isso. E com inovações no tradicionalismo, representado pelo conselho dos anciãos.
Vemos um esforço para se atingir os objetivos com uma crença total e positiva de sucesso através de artifícios de fé; o choque do novo para o tradicionalismo; a insignificância disso para alguns (representada pelo oportunismo do antiquário); a quebra de tabus (com uma sutil visão feminina de escolhas, até então vista de forma estereotipada e ignorada) e o universo em que estão inseridos apresentado como independente de tudo. Parece uma crítica materialista ao conhecimento empírico ou religioso. Eu vi assim...
Os meninos buscam a superação da seca tentando laçar as nuvens com um apanhador específico para isso. Objeto sagrado para uns e artefato valioso de vendas para outros.
O homem, sua cultura e seus valores.