Lála 29/01/2013
Resenha O Olho de Jade - Na Toca Com a Coruja - http://www.natocacomacoruja.com/
Diane Wei Liang conta a história de Mei Wang, uma detetive particular chinesa, bela, independente, bem-sucedida e com alguns luxos da China moderna, como ter seu próprio escritório, carro e um secretário. A autora retrata seus dias em busca de uma antiguidade chamada ‘O Olho de Jade’, cujo tio Chen pediu que investigasse.
Ao longo da investigação, a trama dá voltas entre a China antiga e moderna, mencionando as mudanças políticas e o quanto isso afetou a vida da população chinesa.
A narrativa em terceira pessoa se mantém sempre focada nos atos e pensamentos de Mei, o que faz com que a visão da história seja unilateral. A escrita é simples e flui bem, porém sem sobressaltos nem emoções.
Um ponto decepcionante na história é que a personagem tem uma facilidade muito grande de obter informações na sua investigação. Ela nunca dá um passo em falso e em todos os lugares que procura ela consegue informações preciosas e precisas, fazendo com que a sua jornada atrás do olho de jade seja sem graça e sem emoção.
Uma questão engraçada é a facilidade com que as personagens secundárias têm em contar sobre a sua vida. Não sei se é cultural, se os chineses contam a sua história pra qualquer um que os diga “bom dia”, mas em todos os diálogos, após três perguntas (incluindo “qual o seu nome?” e “como vai você?”) eles falavam desenfreadamente sobre a sua história de vida inteira, às vezes até sem terem perguntado nada. Isso contribuiu significativamente para que Mei conseguisse as informações necessárias para a sua investigação sem ter tido muito trabalho.
A sinopse do livro promete romance e investigação policial, particularmente, eu continuo esperando pelos dois! Cenas interessantes de investigação e um romance melhor elaborado cairiam bem no livro e fariam jus à sinopse.
Se estiver interessado em cultura chinesa, vale a pena conferir o livro pelas questões políticas ou até mesmo pelas descrições da cidade de Pequim, que parece aglomerada, feia e suja, como qualquer cidade com 10 milhões de habitantes (para efeitos de comparação São Paulo tem 20 milhões!).
No fim das contas, acabou por ser uma leitura sem compromisso, sem frio na barriga e sem a sensação de ‘quero mais’.