Túlio 08/12/2015
Muito além de um universo infantil
Muitas vezes, no cotidiano, encontramo-nos em situações difíceis e complexas, que não sabemos o que fazer ou parecemos estar perdidos. É isso que ocorreu com a doce personagem Maria, após um acidente de circo que provocou a morte dos seus pais. Diante dessa situação, a pequenina equilibrista estava, metaforicamente, "andando sobre a corda bamba".
Com o enredo sem uma ordem linear de tempo, a autora mistura a realidade com a magia, ao ponto de nós, leitores, não conseguirmos distinguir onde está o real e o mágico. Dessa forma, a protagonista terá que lidar com a avó, que, não tendo mais nada no mundo (apenas o dinheiro), resolve cuidar de Maria. A menina, porém, tem dois grandes amigos do circo, Barbuda e Foguinho, considerados por ela como a sua única família. Presa no universo da avó, a menina busca uma forma de situar-se no mundo, e isso ocorre através da corda que ela utilizava para equilibrar-se durante as apresentações no circo. Mais uma vez, a autora fará o recurso entre a fusão do real e mágico, à medida que a menina abrirá portas, que revelarão o passado dela (e de seus pais). Tais portas serão também abertas ao passo que a protagonista vai encaixando-se ao mundo, chegando ao ponto de construir o seu próprio futuro, ou seja, situar-se no mundo.
Embora o enredo seja curto e simples, a autora traz sérias críticas, como a ganância e o preconceito social (retratados pela avó), além da exploração do capitalismo (quando os pais de Maria colocam a vida em risco para ganharem um pouco mais).
Vale a pena dedicar um tempinho para essa deliciosa história, que nos faz rir, chorar e refletir sobre certos conceitos e valores morais.