brenda meneses 27/07/2020Saindo da bolha.“Até a sentença de morte, eu me sentia respirar, palpitar, viver no mesmo meio que os outros homens; agora, distinguia claramente como uma barreira a me separar do mundo. Nada mais me aparecia sob o mesmo aspecto antes”.
O último dia de um condenado, publicado em 1829, vai tratar sobre o que o próprio título diz. Este é um livro curtinho e vai tratar sobre a pena de morte. Sendo um livro do século XIX, é sabido que nessa época as execuções eram feitas com a guilhotina em praça pública. Ou seja, eram considerados como eventos festivos.
Vamos acompanhar a história desse condenado, não só em seu último dia - mesmo ele compondo o grosso da narrativa. Esse condenado não tem nome, não sabemos o seu crime e nem se ele é realmente culpado ou não. Mas, por ele estar no corredor da morte, temos essa noção de que o crime que ele cometeu foi pesado. Em um dado momento, ele conta que derramou sangue, e ainda assim não conhecemos quem morreu, por que e nem quando. Ficamos sabendo disso através de seu diário, no qual ele vomita todos os pensamentos que tem ao longo desses dias no corredor da morte.
A intenção do autor é clara: ao nos jogar um protagonista sem nome, sem falar sobre o crime, ele quer discutir apenas a questão da pena de morte, independente de quem quer que a tenha recebido. É uma discussão moral e ética. O livro não traz uma solução para o problema. Você primeiro irá discutir consigo mesmo, depois com outras pessoas e aí formar alguma opinião. Isso vai depender única e exclusivamente da sua bagagem de mundo.
E fica a questão: a pena de morte é válida e efetiva? Há tantos anos que existe essa maneira de punir crimes, e mesmo assim a brutalidade continua ocorrendo? Tem eficácia? É certo tirar a vida de outra pessoa, sentenciá-la a morte, mesmo ela tendo “merecido” pelo o que cometeu? Quem decide o certo ou errado? Essas são poucas das muitas perguntas que você irá fazer ao longo da narrativa. Indico demais pra sair da sua bolha e zona de conforto.