Kakau 27/07/2021
Quanta sensibilidade,quanta simplicidade!
Em 8 de março de 1914?data cuja qual Fernando Pessoa declara ser o dia triunfal de sua vida?,nasce Alberto Caeiro,o seu mestre e mestre de seus demais heterônimos,como Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Tendo vivido sua vida majoritariamente no campo,o homem isento de educação e profissão durante a vida é,essencialmente, antiespiritualista absoluto,repudia qualquer espécie de metafísica que há.E ele expõe toda essa oposição nos seus poemas frágeis, delicados e puros,clara e objetivamente.É inocente,é espontâneo,é Caeiro.
Lendo os seus escritos,é como se eu os concebesse naturalmente como um axioma,pois "o que for,quando for,é que será o que é" (pág.112),e isso basta-me.
Encantei-me pelo estilo poético de Caeiro;simples em toda a sua constituição:em estrutura,em linguagem,em significado e em intenção.
Forma-se no posfácio do livro a dedicatória de Álvaro de Campos ao seu mestre,e não podia ser da melhor maneira possível.Diz,nos últimos parágrafos:"Em todo o caso,foi uma das angústias da minha vida (...) que Caeiro morresse sem eu estar ao pé dele.Isto é estúpido mas é humano,e é assim."
Demasiadamente me apraz ler seus versos,me alivia de sentimentos sufocantes e estressantes que carrego,como se me ajudasse a abrir os olhos e a fazer uma higiene mental para ver o que realmente vale a pena.
"Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento [vale a pena ter nascido."
De fato,ele fez-me lembrar e voltar à minha essência com a sua frase reverberando em minha mente:"Basta existir para se ser completo."