Ramalho 08/09/2021
A conquista social da terra nasceu assim...
Este é um livro que, se lido superficialmente, pode acabar gerando polêmicas. Wilson usa inumeras vezes seu conhecimento biológico de insetos (formigas) para explicar comportamentos humanos. Por mais louco que seja, com a teoria de Wilson isso se torna possível.
O fator mais importante para o autor é a eussocialidade, que seria uma construção grupal de vários animais formando comunidades autênticas e altruístas. Estas são compartilhações nossas com insetos sociais. De certa forma o principio ativo é o mesmo, e não aceitar as palavras de Wilson acaba nos colocando em um lugar de negação perante quem somos; afinal se Wilson estiver certo isso modifica quem pensamos ser. Aquilo que nos faz distantes, olhando de cima pode nos igualar ao invés de nos divergir. Política, religião, criatividade: compartilhamos isso com todos os seres humanos da terra, inclusive a cultura; logo, a cultura, para bem ou para o mal, faz parte de um aparato genético. A epigenética ainda por cima, explica que aquilo que pensamos ser unico de nós: nossos genes, são plásicos, ou seja, 97% deles são reguladores que direcionam o trabalho das proteínas do nosso corpo. A evolução por si só já acompanha essa ideia: de que nada na natureza é imutável, tudo se movimenta, e quanto mais plástico melhor. No entanto, ainda existe um estigma perante a biologia, de que ela é determinista, caminha para uma lógica matemática e superior (acredito que pelo trauma eugênico e positivista) e por isso ainda hoje as ciências humanas lutam para a explicação da sociedade em meios biológicos.
Esta fora uma parte importante do livro. No entanto, ele é complementar, funciona como um livro de escada para uma ideia que pode ser melhor desenvolvida em outros, nem toda ideia de Wilson eu vejo como valida; como por exemplo, colocar os fatores neuronais como explicativas e não como justificação, o que acho ser válido o questionamento, mas não o abandono da teoria.