Resenhas - Manifesto Contra o Trabalho

Gu Henri 27/05/2019

TRABALHADORES DO MUNDO, UNI-VOS PARA
Quase duas décadas se passaram desde a publicação deste manifesto, que contém excertos de outras obras de filósofos, alguns até antagônicos, mas que em sua plenitude refletiram sobre o que é labor/trabalho senão uma escravidão estendida a tudo e a todos.

É um manifesto curto, um tanto quanto irônico, ácido, e por vezes lança-nos algumas elucidações, por outras havemos de mais duvida ficar pela falta de um planejamento devido às questões concernentes aos quais se aborda, porém não nos dá um direcionamento claro de como pôr em prática àquilo que se propõe o manifesto a premeditar, ou seja, uma sociedade onde há o fim do trabalho.

Gosto de Manifestos, e sempre quando posso os leio, sempre há algo neles que refletem a um tempo póstero, por certo, ainda é recente a abordagem e muito, mas muito mesmo, pertinente e, ainda garanto, o será. Porém, é uma pena, que este não seja assim tão famoso. Ao lê-lo remeti diretamente ao Direito à Preguiça, não houve como não fazer essa analogia, soam quase que complementares. É uma dica para quem lê um ler o outro.

Quando o trabalho acabar não haverá de acabar as classes sociais, mas somente acabar com a classe proletária, que não dispõe e nem disporá de recursos ou meios que a faça sobreviver num mundo onde impera uma revolução 4.0, ou seja, não se extinguirá a classe explorada, mas agora não serão explorados, mas miseráveis mesmo, pois não terão direito ao trabalho, ou melhor dizendo, não será necessário sua força de trabalho para produzir. O que cria uma contradição bem explícita, pois, se há coisas a serem produzidas por máquinas autônomas, quem irá as consumir, se grande parte do mundo nem mais terá como comprá-las?

Daí se dá que o sistema, a longo prazo, fará seu plano de maquiar o que já acontece, por meio de crises, que nada mais são que o próprio avanço do capitalismo em conjunto com uma tecnologia ultra-racionalizada não para gerar benefício e suprir as necessidades das pessoas, ou seja, da humanidade, mas na lógica que sempre a motivou, a busca do lucro acima de tudo, agora mais bem racionalizada; usando da maximização de tempo e de recursos, e imune a trabalhadores que podem gerar greves, engravidar, ficar doentes, terem direitos trabalhistas, etc. Robôs são melhores que os humanos para quase todas as tarefas...

Há de acontecer, acontece já. Uma previsão interessante fora que as democracias estariam com os dias contados... interessante, apesar de não compactuar com todo conteúdo, e faltar talvez uma proposta clara, ainda assim é deveras visionário, ou talvez nem tanto, porque, somos muito cegos ao que nos rodeia. Porém a busca da humanidade enquanto humanidade sempre foi sua emancipação, e há sempre as forças do progresso a permitirem que o antagonismo se apresente como mais forte, mas não o será, e a única coisa que possamos fazer é em pensar em derrubar o sistema e ampliar as nossas visões para além das ideologias vigentes, que outrora enxergaram no trabalho sempre um fim em si mesmo, e não um meio pelo qual a humanidade se satisfaz de suas necessidades. Que o tempo ajude muitos a despertarem desses algozes que têm tudo, e agora querem descartar os trabalhadores do único que lhes resta que é uma vida.

sarahrodrigues579 13/01/2022

Texto estimulante
Li por conta de uma cadeira da faculdade, o tema é interessante.
Sinto sarcasmo em algumas partes, um dos motivos por ser estimulantes. Mas tenho discordâncias com alguns tópicos debatidos.