Nica 27/09/2013O Homem do Bosque - Scott SpencerUm livro adulto, sério, para quem gosta de um drama num tom de suspense psicológico. Scott Spencer descreve a tragédia de Paul Phillips em O Homem do Bosque, no entanto, não pretende surpreender nem chocar o leitor, apenas colocá-lo sob a luz da reflexão.
Paul, um homem bom, rústico, que trabalha com as próprias mãos, um carpinteiro em tudo o que faz, ama a vida e não leva nenhum rancor dela, embora tenha alguns bons motivos para acreditar na desesperança e na falta do amor dos homens e de Deus. Paul namora e vive com Kate Ellis, mãe de Ruby, uma garotinha linda e impetuosa. Kate é uma alcoólatra em recuperação, que encontrou a salvação do corpo, da alma e de sua filha através de Deus. Agora Kate é famosa pelo sucesso de seu livro, que aborda a esperança como solução dos problemas, e pelas pregações e seminários que faz sobre seu livro. Kate também é famosa por viver feliz um dia de cada vez. Paul estava tranquilo com o conforto emocional de sua nova vida embora enfrentasse alguns problemas com seus clientes. Em uma tarde de outono que esteve na cidade a trabalho, avistou um grande parque, estacionou o carro e foi caminhando até deparar-se com as mesas de piquenique. Tudo vazio, Paul se sentia solitário e parou para refletir sobre a vida e absolver a melancólica solidão do bosque, desfrutar do silêncio das arvores e do canto dos pássaros. Em meio à tranquilidade surge um homem com seu cão. O homem para em uma das mesas próximas de Paul e se dispõe a insultar o cachorro que o acompanhava, Paul tenta intervir, mas o homem do bosque parte para a agressão física ao pobre cão. Cutucá-lo, agredi-lo, enforcá-lo com a coleira. Paul percebeu que o "deixa disso" e "vamos com calma" não resolvia quando o homem o agride fisicamente. Diante de uma briga de corpos, a ira dominou Paul e ele soube bem usar suas mãos.
O que vem dai pra frente é a consequência dessa tarde no bosque. O remorso e a culpa vão massacrar um homem que se achava de bem com a vida. Como continuar a viver diante dos argumentos do próprio destino? Como encarar o céu e o inferno, o paraíso e a serpente?
O livro lembra a obra de Dostoievski, Crime e Castigo, principalmente pelo argumento do crime em si, mas também pelo apelo psicológico da culpa. Paralelo a essa reflexão da culpa de ante de Deus, do homem e de si mesmo, Scott Spencer coloca em cheque o vício no jogo, o alcoolismo, e a capacidade do ser humano de mudar o seu circulo de vida de inverter o seu modo de autoconhecimento.
O Homem do Bosque não é um livro religioso, é um puro drama psicológico leve, mas profundo. Leve pela linguagem e pelos aspectos narrativos, pois imagino se esse drama foi narrado em primeira pessoa! Profundo por abordar temas da alma, do remorso, do perdão de si mesmo. É um livro sobre o homem e a sua capacidade de agir.
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