NightPhoenixBooks 02/12/2016[Resenha] Saga do Assassino #1: Aprendiz de AssassinoFitz é o filho bastardo do príncipe herdeiro Cavalaria. Ele foi abandonado pela mãe quando tinha apenas cinco anos e foi levado para ser criado no castelo da Torre do Cervo, onde foi acolhido pelo braço direito de seu pai, e mestre dos estábulos, Bronco. Por ser um bastardo, desde o momento em que ele pisou pela primeira vez no castelo, Fitz é tratado como uma peste e é rejeitado por praticamente todos, desde a nobreza até os criados de hierarquia mais baixa. Depois de um tempo vivendo nos estábulos com Bronco, sua vida muda completamente ao ser aceito pelo Rei Sagaz, que vê em Fitz uma arma a ser usado a favor do reino. Por isso ele começa a ser treinando nas mais diversas artes, incluindo a do assassinato.
“Cresci sem pai nem mãe, numa corte onde todos me conheciam como um divisor de águas. E um divisor de águar me tornei.” (Página 31)
Cavalaria sempre foi um homem muito respeitado e honrado, então não é de se surpreender que o aparecimento de um filho bastardo, ainda mais quando sua esposa Paciência não conseguia gerar um herdeiro, foi um grande acontecimento por todo o reino. Com vergonha de seus atos, ele abdica do trono e vai morar em um pequeno vilarejo, sem nunca ter conhecido o filho.
“[...] Você é um bastardo, garoto. Somos sempre um risco e uma vulnerabilidade. Somos sempre dispensáveis. Exceto quando nos tornamos uma necessidade absoluta para a segurança deles. Eu te ensinei bastante durante os últimos anos. Mas mantenha esta lição mais próxima de você e mais presente do que qualquer outra na sua vida. Porque se alguma vez você fizer algo que os leve a não precisarem mais de você, eles vão te matar.” (Página 128)
No universo criado por Hobb, o nome de uma pessoa descreve sua personalidade, então se alguém é nomeado, por exemplo, Preguiçoso você pode esperar que essa pessoa seja uma batata largada no sofá.
Aqui também existe magia, que é conhecida como Talento e Manha. Talento é uma habilidade honrada, presente principalmente naqueles de nascimento nobre e basicamente é a capacidade de telepatia e controle da mente. Já a Manha é vista como uma coisa perigosa e proibida, essa habilidade permite um tipo de conexão mental com os animais, porém se usada em excesso traz consequências irreversíveis a seu usuário...
“A fonte original do Talento provavelmente ficará para sempre envolta em mistério. É certo que uma vocação para ele corre com notável força no sangue da família real; contudo, não está apenas confinado à casa do rei. Parece haver alguma verdade no ditado do povo: “Quando o sangue do mar corre com o sangue das planícies, o Talento floresce”.” (Página 55)
Vou começar diferente, apontando primeiramente o único ponto “negativo” do livro (graças à Deusa foi só um mesmo). A narrativa em “Aprendiz de Assassino” foi beeem arrastada do começo até praticamente a página 150, onde as coisas começam a andar. Confesso que fiquei receosa ao me arrastar por essas intermináveis páginas de letras miúdas, porém assim que passei por essa nuvem negra, acabei o livro no dia seguinte, já que o ritmo frenético e a incerteza do futuro de Fitz tornam impossível largar o livro até saber o que acontecerá.
“- Não tem de ser assim tão ruim [...] A maior parte das nossas prisões é criada por nós mesmos. Um homem também faz a própria liberdade.” (Página 112)
Fazendo um pequeno adendo sobre a edição: as letras são pequenas e o espaçamento é apertado demais, pessoas cegas como essa que vos fala, precisam de letras maiores para enxergar, se não ganho de brinde uma maravilhosa dor de cabeça – motivo pelo qual eu acabei lendo uma grande parte desse livro em e-book.
Um ponto que me surpreendeu é que é impossível prever qual rumo a história vai tomar. Durante diversos momentos eu acreditava ter encontrado a grande problemática da história que acompanharia o leitor até a sua resolução nas últimas páginas, só para ser surpreendida com a mudança repentina do enredo, que passa a seguir um caminho completamente diferente. Essa característica imprevisível, e a sensacional escrita em primeira pessoa, tornou a leitura muito imersiva.
“[...] A era do mal chegou, e veio para ficar muito tempo conosco. É uma era em que os homens de bem devem preparar todas as armas que puderem [...] São tempos difíceis, rapaz, e não sei se algum dia irão acabar.” (Página 182)
Como o próprio título do livro diz, Fitz é um aprendiz de assassino, e isso indica que ele deverá ser treinado. Se você espera um livro onde o protagonista começa sem saber nada e puf, ele vira um assassino fodão, sinto-lhe informar que acompanharemos Fitz através dos primeiros ensinamentos, desde etiqueta até assassinato. O que é muito bom, pois vemos o crescimento do personagem, aumentando sua credibilidade (sim Celaena, estou falando com você – se você não sabe do que eu estou falando, clique aqui).
A narrativa também amadurece com Fitz, durante sua infância haviam tons mais coloridos (levando em conta toda a desgraça, claro) que foram substituídos por sentimentos mais sombrios e tragédias devastadoras, conforme os anos se passam.
“Mas quando todos os caminhos levam à morte, não há qualquer razão para desatar a correr por qualquer um deles. Resolvi tratar dos problemas a medida que viessem.” (Página 293)
Todos os personagens são muito cativantes, é impossível não amar os “mocinhos” e odiar os “vilões”, porém existe sempre a dúvida de quem é bom ou mau e quem está usando quem. Essa dúvida vai te acompanhar até os últimos capítulos, então prepare seu coração. Eu até ia falar um pouco sobre os personagens mas foi tão gostoso descobri-los, que eu prefiro deixar a experiência para quando Fitz os encontra pela primeira vez.
A trama criada é tão profunda e o universo é tão rico que 416 páginas parecem ser pouco para introduzir todo esse mundo, porém Hobb consegue entregar isso com maestria. Ao acabar esse livro senti um sentimento de vazio, pois me apeguei muito aos personagens e fiquei muito curiosa para sua continuação “O Assassino do Rei”, já que os últimos capítulos botaram fogo na porra toda, socaram a nossa cara e agora vamos assistir o mundo se reerguer e queimar mais um pouco (que dramático).
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