Carous 23/12/2020O livro deve ser bom, eu que sou burra demais pra ele.ABANDONADO NA PÁGINA 176
O problema não é a história, sou eu. Tenho imensa dificuldade em me conectar com livros que cujas críticas ácidas estão nas entrelinhas e as indiretas estão soltas no ar. O livro parece um enigma ou uma charada para mim e sou péssima em ambos.
238 anos separam a publicação deste livro de quando peguei para ler e isso é nítido. Foi a única razão que me fez abandonar a leitura: tirando o que está na sinopse, tirando o que ouvi dessa obra, eu não estava entendendo nada.
Isso começou a me deixar frustrada, eu comecei a me sentir burra e ignorante toda vez que pegava o livro. Isso prejudicou de vez minha leitura.
As cartas trocadas pela marquesa de Merteuil e o visconde de Valmont estão encharcadas de veneno. Expõem todo o enredo, revelam não só a natureza deles como o que estão armando contra os outros personagens do livro. São também as partes que eu achei mais difíceis de compreender. Eu concluía a leitura de cada uma delas sem ter certeza se compreendi tudo que foi escrito (na maioria das vezes, algumas delas eram bem fáceis para entender, não sou tão burra assim)
Não tive problemas com nenhuma das correspondências de Cécile. Fosse para quem fosse e acho foi até proposital que o estilo textual dela fosse tão mais simples do que da marquesa e do visconde. Talvez para destacar a pouca idade e inocência dela.
O senhor Danceny, como é da mesma geração que Cécile, também não escrevia com muito floreio, mas não gostei desse personagem. Ele é muito inseguro, enjoado. É tão bobo e facilmente manipulado pelo visconde que irrita. Acabava com isso pressionando Cécile a provar o amor dela por ele o tempo todo e eu só queria que ele a deixasse em paz.
Compartilho do tédio que a marquesa sentia toda vez que o visconde relatava progresso com a presidenta de Tourvel. As correspondências entre Valmont e a presidenta também foram difíceis para eu compreender. Muito floreio, muita rodeio. Eu até agora não sei se o visconde se apaixonou por ela mesmo (mas acho que era o objetivo) e não faço ideia do que a presidenta queria dizer com as cartas. Ela estava confusa com as investidas de Valmont; e eu confusa com as palavras escolhidas por elas nas correspondências.
A edição que tenho é linda: capa dura verde imitando couro com letras douradas. As folhas são brancas. A fonte da letra não é muito grande. Há respiro nas páginas, mas não muito espaçamento entre uma linha e outra. Não sei até que ponto tudo isso ajudou ou atrapalhou enquanto lia. Provavelmente afetou mais o meu ritmo (ou não). É uma edição de 2002 e nem não segue o novo acordo ortográfico (o que nem ligo, sinto falta do trema).
Minha duas únicas críticas são quanto à revisão - que não chega a ser ruim, mas alguns vocábulos repetidos passaram batidos e faltou letra em alguns verbos; isso de fato me confundiu enquanto lia. - e às pouquíssimas notas de rodapé. Só tem as que o autor e o editor responsável pela primeira publicação inseriram.
Acabei lendo este livro consultando a edição da Companhia das Letras.
Quem sabe se um dia republicarem essa obra com texto adaptado eu consiga ler e compreender melhor.