Murilo Amorim 14/11/2013Autoavaliação dos governos Lula e DilmaO livro foi lançado no início de 2013 como celebração dos 10 anos da posse do ex-presidente Lula e balanço da política do PT em uma década no poder executivo federal. Uma ótima entrevista com Lula abre o livro, a qual seguem 21 artigos de especialistas de distintas áreas:
- "O Brasil e seu 'entorno estratégico' na primeira década do século XXI", de José Luís Fiori;
- "Dez anos de política externa", de Marco Aurélio Garcia;
- "Dez anos de política econômica", de Nelson Barbosa;
- "Os anos do povo", Luiz Gozaga Belluzzo;
- "Dez anos depois...", de Jorge Mattoso;
- "Uma nova classe trabalhadora", de Marilena Chaui;
- "A construção da hegemonia pós-neoliberal", de Emir Sader;
- "Políticas públicas e situação na primeira década do século XXI", de Marcio Pochmann;
- "Desenvolvimento regional brasileiro políticas públicas federais no governo Lula", de Tânia Bacelar de Araújo;
- "Energia e setor elétrico nos governos Lula e Dilma", de Luiz Pinguelli Rosa;
- "A reforma agrária que o governo Lula fez e a que ode ser feita", de Bernardo Mançano Fernandes;
- "Por que não se avança nas comunicações", de Venício A. de Lima;
- "A política ambiental na década de 2002-2012" de Liszt Vieira e Renato Cader;
- "Saúde é desenvolvimento", de Ana Maria Costa;
- "A procura da igualdade: dez anos de política educacional no Brasil", de Pablo Gentili e Dalila Andrade Oliveira;
- "Uma década de avanço em ciência, tecnologia e inovação no Brasil", de Sérgio Machado Rezende;
- "Cultura: políticas públicas e novas visibilidades", de Glauber Piva;
- "Um olhar dos trabalhadores: um balanço positivo, uma disputa cotidiana e muitos desafios pela frente", de Artur Henrique;
- "Dez anos de política para as mulheres: avanços e desafios", de Eleonora Menicucci de Oliveira;
- "Direitos humanos e o fim do esquecimento", de Paulo Vannuchi;
- "Dez anos de promoção da igualdade racial: balanços e desafios", de Renato Ferreira.
Vários autores ocuparam cargos de primeiro ou segundo escalão no governo federal na administração do PT. Se, de um lado, é valioso o parecer de quem estava diretamente envolvido com as políticas da área, de outro lado, o livro não deixa de ser um autojulgamento, resultando em um forte caráter de peça defensiva.
De maneira geral, o enfoque principal é o rompimento com as políticas neoliberais dos governos anteriores, rebatendo conhecidos argumentos, ora infantis, ora mal-intencionados, de que teria havido uma mera continuidade política favorecida por cenários internacional e nacional benéficos. Não se deixa também de apontar caminhos necessários (muito mais relativos a próximos passos no mesmo rumo do que de inflexões) e, de maneira extremamente tímida, de fazer críticas pontuais às políticas até aqui adotadas.
Por fim, é interessante notar que o livro veio a público poucos meses antes das maiores manifestações populares da Nova República, as "Jornadas de Junho" ou qualquer outro nome que se queira dar a esse tão recente episódio da história política. Apesar de se tratar de fenômeno ainda não inteiramente digerido e explicado, é impossível não notar o descompasso entre o tom exitoso das avaliações do livro e as irresignações difusas e ainda pulsantes da população brasileira.