francisbins 03/05/2023
Incrível... para sua época
Cada capítulo do livro vai pegar um evento que ocorreu no ano de 1968, começa no início do ano com uma festa de réveillon muito doida na passagem dos anos 1967/1968, e vai cronologicamente avançando até o final do ano quando é emitido o AI-5, entre os eventos não tem nenhuma contextualização, em cada capítulo o evento a ser tratado é visto da perspectiva das pessoas que estavam lá, tenta-se passar os sentimentos delas, a ambientação e as expectavas delas para o Brasil daquele ano. A forma como foi escrita parece uma mistura de terceira pessoa com a exposição dos entrevistados, parece um pouco como um roteiro de um documentário, sempre com uns ganchos filosóficos para você ficar pensando.
A exposição se foca no grupo de esquerda e como foram suas experiencias durante o governo militar.
É uma boa leitura apresenta fatos indiscutíveis sobre a dualidade tanto do movimento militar (ditadura tentando parecer uma democracia) quanto da "esquerda" da época (na dúvida entre a democracia ou uma "revolução armada").
Como ponto negativo vejo a insistência do autor em usar as pessoas como adjetivos, isso deixa a leitura datada, expressões como: João quis dar uma de Bigode", como se todos soubessem quem foi Bigode e qual era a sua atitude em determinadas situações tira a fluidez do texto, deixa as pessoas perdidas, isso não é pontual, o livro todo é repleto de referencias a pessoas que devem ter tido a sua importância naquela época, mas hoje são desconhecidas, no livro seus nomes são lançados, se você é daquela época entendeu, se não, segue em frente porque o livro não vai te contar, isso me dá a impressão que o livro envelheceu mal, já que suas referencias a personalidades são bem datadas.