Svartzorn 15/08/2016
Não há de se reclamar do livro. É uma autobiografia, mas não contém as pequenas minúcias e curiosidades que gostamos de ler quando apanhamos livros desta espécie. Pode estranhar a alguns, também, o ritmo do texto, vez que o original foi escrito em versos e optaram, por bem, verter para a prosa.
Fora isso, nada mau. As notas de rodapé são muito esclarecedoras para entender o contexto em que as coisas ocorriam.
Daria 5 estrelas, mas estou dando três por conta da falsificação histórica presente em uma nota de rodapé à folha 42 (coisa que só existe, aliás, nesta edição). Esta nota faz crer aos desavisados que o símbolo de fé niceno-constantinoplano continha a cláusula filioque no original, coisa que em verdade só foi adicionada pela igreja latina no século 11, antes do Grande Cisma (apesar de o estado embrionário de tal heresia ter uns 5 séculos... em qualquer caso, é posterior ao Segundo Concílio Ecumênico).
Aos interessados, fontes sobre o que digo:
http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf214.toc.html (folhas 353 e 354 mostram o Credo tal como constava nos cânones do Segundo Concílio Ecumênico);
http://www.clerus.org/clerus/dati/2007-11/23-13/08QUESTAOFILIOQUE.html (texto católico mostra a recalcitrância dos Papas ao longo dos séculos 6 - 11 em admitir essa cláusula no Credo);
Sugiro aos responsáveis que busquem manter mais lisura ao editar livros cristãos. É melhor falar como as coisas realmente se desenvolveram ao invés de incidir em Falso Testemunho para fazer proselitismo herético.