Divórcio

Divórcio Ricardo Lísias




Resenhas - Divórcio


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Antonio 09/01/2015

Chegando à São Silvestre
Em Divórcio, Ricardo Lísias atravessa a fronteira que divide ficção e realidade sem passar pela alfândega: três Ricardos Lísias (o escritor, o narrador e a personagem) nos contam uma história de dor e superação – a de um homem traído que tenta se refazer. E importa um pepino se esse homem é o que a colocou no papel.
Dividida em quinze capítulos (o mesmo número de quilômetros que tem o percurso da São Silvestre, o ponto final da narrativa), a maratona empreendida pelo Ricardo Lísias da história para superar o traumático evento inicial (a descoberta de um diário da então esposa, no qual ela anota sua insatisfação com o marido que tinha) está repleta de dor, raiva e... beleza.
Para ter acesso a todo o diário, no entanto, o leitor deve participar dos treinamentos do protagonista em busca do condicionamento necessário para participar de uma São Silvestre completa: seu conteúdo é disponibilizado aos poucos, assim como é aos poucos que o atleta ganha o fôlego que lhe é exigido em uma prova dessa envergadura.
Não bastasse explicitar a apurada técnica do escritor, Divórcio também destaca outra característica de seu autor: a coragem. Poucos são os que se propõem, como ele, a mexer com o quarto poder – e Ricardo Lísias, o de carne e osso, é um deles.

Trecho do livro:
“Além disso, as palavras ao redor são todas compreensíveis. É fácil entende-las, mas elas não explicam nada. O mundo oferece pouco para as pessoas que estão muito vulneráveis. Uma explicação, jamais. Qualquer pequenino alento emociona muito.” (p.119)


site: leioedoupitaco.blogspot.com.br
Nanci 09/01/2015minha estante
Sério que vale 5 estrelas? Li e odiei Céu de suicidas... Tão cedo não leio outro Lísias...


Antonio 10/01/2015minha estante
Oi Nanci! Pela ousadia de mexer com a imprensa, pela habilidade do autor de costurar forma e conteúdo (vamos lendo o livro como se estivéssemos treinando para a maratona que a personagem disputa no último capítulo), por "apagar" a barreira entre ficção e realidade e por transformar, com o uso de figuras de linguagem muito bem empregadas, a dor em beleza, acho que valem as cinco estrelas... Mas, por outro lado, não odiei Céu dos suicidas, rs... talvez role aí uma empatia minha com o autor... Abração!


@varaomichel 17/10/2016minha estante
Acho que odiar O Céu dos Suicidas depende do que você espera de uma narrativa. Se alguém odiou ele fatalmente não deve esperar de Divórcio um bom livro. Mas é uma pena, porque são livros fantásticos dependendo da química com esse tipo de narrativa.




Marcio Campos 21/11/2013

Sobre o livro Divórcio, de Ricardo Lisias.
Primeiramente, o livro conflita sentimentalmente com o estado do leitor que o pretende ler. Obviamente, se você tiver acabado um relacionamento ou estiver desiludido, sentirá toda a raiva e o embaralhamento sentimental descrito pelo personagem (estranha e deliciosamente, o autor se incluiu como personagem principal do mesmo) ou, o que pode ser pior, se sentirá a ex-mulher dele (dependendo de qual das pontas você assumiu no fim do relacionamento). E tudo será bem intenso para ti, pois será inevitável que você se enquadre nas situações e, mesmo inconscientemente, tome partido.
Mas a questão aqui é: Quem nunca se decepcionou com um amor?!. Partindo desse princípio, e levando em consideração os apontamentos acima, Divórcio é um livro sobre perdas e recuperação.
No entanto, se o seu estado emocional estiver um pouco mais equilibrado (e não me refiro apenas ao amor), o livro fala essencialmente sobre solidão ou sobre como as pessoas não se importam com o próximo até que ele cutuque/fira os princípios/preceitos/imagem delas ou dos seus. Como diria o próprio autor no livro: 'Ninguém' também poderia ser o nome deste livro.
Caso você tenha um perfil mais político e crítico, a obra, entre os casos citados acima, também é um livro-denúncia. O que ele descreve sobre a elite brasileira e os nossos tão saudosos (sqn!) jornalistas brasileiros é uma verdade que a grande maioria já sabe, mas infelizmente se nega a acreditar ou finge aceitar a boa imagem que eles tentam nos passar mesmo sabendo tudo o que há de podre por trás. Jornalistas que ficam denunciando a cracolândia paulistana, mas ao final da noite cheiram carreiras e carreiras de pó ou ficam se entupindo de maconha; pessoas que dizem te adorar quando você está com certa pessoa e em outro momento te recriminam por uma coisa que, supostamente, ouviram que você fez... Logo, um livro sobre a hipocrisia.
No meu caso, embora eu penda um pouco para o lado emocional equilibrado, inicialmente Divórcio me pareceu um livro sobre comiseração. Explico-me...: Depois de sofrer e adaptar tanto os meus sentimentos com as relações, acabou se tornando inadmissível que eu (ou o meu íntimo) agisse dessa forma (por mais cruel que seja a situação em que o personagem se encontra). Mesmo com o amor tão grande que ele demonstra depois que sentia, creio que tenha faltado um pouco de desapego com relação ao início. Isso, obviamente, levando em consideração que ele é escritor e que escrever nada mais é do que desapegar-se daquilo que faz todo o sentido para o nosso íntimo e expo-lo para o mundo.
Mas essa é a minha visão.
E depois o livro se desenvolve como um processo de recuperação e adaptação contínua à nova vida que segue; e aqui o livro se torna mais bonito para mim, porque ele demonstra de uma forma direta e extremamente urbana aquilo que, mesmo que apenas por um instante, todos que vivem em grandes metrópoles e passaram por situações semelhantes já sentiram. De forma mais ou menos exacerbada, Divórcio é um livro sobre você também.
E, para finalizar, o mote mais cruel do autor é nos deixar aquela dúvida entre até que ponto a ficção foi real e vice-versa. Quais as experiências de Ricardo Lísias foram (ex)postas por aqui sem que sequer nos déssemos conta disso?!
Essa talvez seja uma resposta que queiramos manter longe de nossas mentes pelo bem da ficção.
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Bruna 02/06/2014

Cuide de você
Aqui, a literatura é a salvação para tudo. É pela escrita que o casamento do autor/narrador desmorona e é também por ela que ele retoma sua vida. O livro tem um bom fôlego, embora seja maior do que talvez precisasse. O começo e o final são bons - há alguns capítulo do meio que eu, pessoalmente, achei enrolação. Gostei do conjunto. Me lembrou Sophie Calle e o seu projeto "Cuide de você".

Abaixo, alguns trechos dos quais gostei:

"Vou melhoras graças a um conto de Julio Cortázar e um estudante de letras." (pág. 157)

"As pessoas, sem nenhuma exceção, carregam um "lado negro" (agora me lembrei de um outro nome que usaram: "a face obscura da lua") que fica guardado em algum canto. A vida é uma enorme luta para contê-lo." (pág. 182)

"O amor não é um jogo, mas sim um romance. É melhor colocar o ponto final em um para fazer outro." pág. 211)

"Resolvi chorar pela última vez por causa do meu primeiro casamento. Enfim, é uma história pequena, cheia de personagens mesquinhas. Gente pobre que vai em restaurante de rico." (pág. 227)
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Ana Paula 05/05/2015

Critico, doloroso, autoficção... boa leitura!
O autor faz um misto de realidade e ficção que deixa qualquer leitor impressionado!

O livro conta a história de Ricardo, que após 4 meses de casado acha o diário da esposa e o lê!! Lá ele descobre coisas cruéis sobre a esposa, coisas que ela fez antes e durante o casamento. Além é claro de saber exatamente o que ela pensa a respeito dele, é muito impactante.

Após isso ele começa uma busca incessante por ele mesmo, pela sua sanidade e por manter as lembranças vivas em sua mente, já que após o impacto ao ler o diário ele mesmo se descreve “morto e sem pele”.

O autor usa a história para fazer uma crítica a imprensa destrutiva, sobre a ética e valores dos seres humanos em troca de míseros boatos para gerar audiência.
Além disso ele faz analogias bacanas para explicar a dor, o sofrimento, o amor, a perda e a busca pela recuperação.

O texto por algumas vezes é repetitivo, mas isso o autor também explica no final do livro o motivo…

Recomendo a leitura!
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Juliane 06/11/2016

Leitura fluída
Apesar das digressões e repetições um pouco excessivas, o livro é de leitura fluída. O enredo deixa o leitor a pensar se aquilo corresponde ao que aconteceu ou não, visto se tratar de uma autoficção.
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cacai 22/08/2018

Em “Divórcio”, Ricardo Lísias brinca com a fronteira entre realidade e ficção. Ele é autor e personagem da obra que bebe em fatos reais ao mesmo tempo bagunça a mente do leitor que a todo o momento se pergunta se tudo isso de fato aconteceu ou se é fruto de uma mente tanto criativa como debochada da própria existência.

“A história de acabar dentro de um texto que eu mesmo escrevi me impressiona até hoje, mas de um jeito diferente. Recorri à literatura porque não tenho mais nada.”

Há várias análises possíveis de serem feitas, em especial sobre os limites da exposição alheia – apesar de não haver nomes – e da invasão de privacidade. Aliás, será mesmo que houve um diário na vida real? É o ponto de interrogação piscando a cada página que deixa o livro interessante. Mas é possível também encarar o conjunto da obra como uma mera peça de ficção e a partir disso olhar para o personagem como alguém que foi destroçado repentinamente e que encontrou uma forma pouco ortodoxa para retomar a vida.

”[…] a literatura recria outra realidade para que a gente reflita sobre a nossa. Minha intenção era justamente reparar um trauma: como achei que estava dentro de um romance ou de um conto que tinha escrito, precisei criá-los de fato para ter certeza de que estou aqui do lado de fora.”

Tirando o mérito de ser invenção ou não, senti curiosidade em ter contato com a história contada pela outra parte envolvida. Lendo apenas o relato do narrador traído, é fácil sentir um impulso inicial de julgar a ex-mulher. À medida que avançamos na história, em partes a detestamos por detonar o marido em um diário enquanto ele está dormindo ao seu lado, mas também, ao ver as reações hiperbólicas do protagonista, nos perguntamos se ela não teria um pouco de razão nas críticas feitas (embora particularmente abomine mentiras e traições).
Assisti a uma entrevista em que Lísias fala que o mote principal da obra é sobre a ética jornalística, em especial no universo cultural. Como jornalista – não especificamente desta área – tive sentimentos muito ambivalentes durante a leitura: ora concordava com a existência de alguns abusos cometidos por colegas de imprensa, ora ficava ofendida com as generalizações feitas aos profissionais da mídia.
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Alana 06/11/2018

vendo R$25,00 ou troco
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Biblioteca Álvaro Guerra 11/12/2019

Ao descobrir o diário da mulher com quem casara havia apenas quatro meses, Ricardo Lísias, o narrador deste impresisonante romance, perde todas as certezas e teme estar perdendo também a razão. Caminha desnorteado pela cidade e sente que toda a sua pele foi arrancada.

Empreste esse livro na biblioteca pública.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788579622328
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Hewe 21/02/2020

O livro conflita com o estado sentimental do leitor que o pretende ler.
O modo como o autor nos deixa aquela dúvida entre até que ponto a ficção foi real e vice-versa é genial.
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Erick.Jonathan 12/06/2020

Uma boa experiência de leitura. Apesar de muitas vezes o narrador personagem ser um pouco irritante, realmente mimado, não podemos deixar de considerar a apertura da situação em que está e sua trajetória para superá-la, casando tudo isso ao esporte corrida.
Um segundo ponto de destaque é a autoficção, até parece que o autor quer se esconder atrás desse tipo de narrativa para dizer o que realmente passou. No entanto isso não importa, é um recurso que nos deixa mais curiosos, o autor tem direito de usá-lo e este o fez muito bem, de qualquer forma a obra se encerra em si mesma sem necessidade de escrutínio da realidade. Vale a leitura.
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José Cláudio 02/06/2021

Achei maçante, o autor-personagem vive num processo de comiseração, se lamentando pelo o que aconteceu é que dá título ao referido romance, não gostei!
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Renata.Borges 18/04/2022

Como diz o autor, “Divórcio” é um romance sobre o trauma.
É um livro duro de se ler. As palavras são cáusticas, são carne viva como se encontra a personagem principal. Como diz o autor, “Divórcio” é um romance sobre o trauma. Texto forte. Me vi nas personagens. Vi meu lado bom e afetivo, e vi o que um dia foi um lado nebuloso do meu ser que ficou para trás. Os erros ensinam. A vida ensinou trazendo dor. Viver é para os fortes. Divórcio é quase para os lutadores de MMA. Parabéns Ricardo Lísias!

site: https://wordpress.com/posts/minhaliteratura.wordpress.com
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