Vida Literária 20/09/2020
Poesia Capixaba de Qualidade
No dia 22 de Julho deste ano, infelizmente, Sérgio Blank nos deixou aos 53 anos. A sua morte ocorreu exatamente um ano após a sua posse na cadeira número nove da Academia Espirito Santense de Letras. Além de poeta, Sérgio Blank também era jornalista e ao da vida publicou 6 livros. Os Dias Ímpares, lançado em 2011 e reeditado em 2017 pela Editora Cousa, é um livro que concatena a sua obra poética completa.
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É curioso como a obra e vida do autor se misturam. A primeira coletânea de poesia foi publicada em 1984 quando o autor tinha 20 anos de idade. Com isso, nós conseguimos perceber uma carga muito grande de revolta e insatisfação, diferentemente dos versos da sua fase mais madura. Em todo o conjunto da obra há sempre o elemento político de forma direta ou indireta. É perceptível o tom de deboche e ironia que o eu lírico faz enquanto fala de autoritarismo sócio-político.
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Outro traço interessante da poesia do Sérgio Blank é que ele trabalha bem o silêncio. É nesse quesito, por exemplo, que mora a complexidade na simplicidade de sua poesia. Ao dar poucas, mas precisas pistas ao leitor, nós preenchemos essas lacunas com nossa vivência e experiência de vida.
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Não só de angústia, revolta e melancolia que a obra do Sérgio é composta. Seu humor se mostra bem sofisticado em vários poemas e funcionam bem como válvula de escape frente à toda inquietação provocada por outros versos.
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Os poemas de sua obra também são marcados pela alternância e mistura da linguagem formal e informal. Às vezes vamos nos deparar com versos muito complexos, quase que uma metapoesia, com um tom muito enigmático e que torna a leitura um desafio.
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Gostei demais da leitura. Levei o mês inteiro de setembro para realizá-la, por que poesia não é algo que eu goste de consumir intensamente como uma traça, o que acaba acontecendo na leitura de alguns romances.
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Fica a minha indicação!
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