Os dias ímpares

Os dias ímpares Sérgio Blank




Resenhas - Os dias ímpares


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Uedison Pereira 02/07/2024

Falando do maior expoente da poesia capixaba
Sérgio Blank é considerado o maior poeta do Espírito Santo. A sua poesia, aqui reunida numa coletâne "Os dias ímpares" é como um Baudelaire latino, virulente e cortante, como um vulcão sempre a explodir com textos que em nada lembram a imagem calma e comedida deste poeta quando em vida.

Sérgio Blank é sem dúvida um dos maiores poetas pós-modernista do Brasil e o Brasil precisa descobrír a poesia deste poeta capixaba, infelizmente morto em causas estranhas há alguns anos atrás.

Sobre sua escrita, não é um poeta que procura rima ou estruturar seus textos com formalidades e tão pouco um poeta com textos líricos para um leitor sonhador. Não, Blank é um poeta voráz, forte, virulente que desseca o mundo em que vivia com um sarcasmo e um bisturi literal (não literalmente) numa arte poética com ares de um Baudelaire latino. Seus textos são tão metafóricos e simbólicos quanto enriquecidos com um vocabulário que entorpeceria os mais eruditos.

Indico maravilhado esta coletânea "Os Dias Ímpares", que para mim já pode ser considerada uma das maiores da poesia pós-modernista brasileira.

É uma poesia livre. Livre de tudo. Até de farpas. Livre para decompor o mundo com as palavras que quisesse.

Quando era jovem, lá pelos vinte anos e ainda morando no Brasil, trabalhei numa livraria onde o Sérgio Blank trabalhava como promotor cultural. Ele já era um escritor e poeta conhecido no estado do ES e estava divulgando seu livro infantil "Safira", hoje considerado um clássico infantil da literatural infantil capixaba.

Hoje eu posso dizer que fui contemporâneo, que trabalhei e conversei com um dos grandes poetas do Brasil.

Leitura obrigatória para os amantes da poesia.

Uedison Pereira
@uedison_pereira (instagram)
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Vida Literária 20/09/2020

Poesia Capixaba de Qualidade
No dia 22 de Julho deste ano, infelizmente, Sérgio Blank nos deixou aos 53 anos. A sua morte ocorreu exatamente um ano após a sua posse na cadeira número nove da Academia Espirito Santense de Letras. Além de poeta, Sérgio Blank também era jornalista e ao da vida publicou 6 livros. Os Dias Ímpares, lançado em 2011 e reeditado em 2017 pela Editora Cousa, é um livro que concatena a sua obra poética completa.

É curioso como a obra e vida do autor se misturam. A primeira coletânea de poesia foi publicada em 1984 quando o autor tinha 20 anos de idade. Com isso, nós conseguimos perceber uma carga muito grande de revolta e insatisfação, diferentemente dos versos da sua fase mais madura. Em todo o conjunto da obra há sempre o elemento político de forma direta ou indireta. É perceptível o tom de deboche e ironia que o eu lírico faz enquanto fala de autoritarismo sócio-político.

Outro traço interessante da poesia do Sérgio Blank é que ele trabalha bem o silêncio. É nesse quesito, por exemplo, que mora a complexidade na simplicidade de sua poesia. Ao dar poucas, mas precisas pistas ao leitor, nós preenchemos essas lacunas com nossa vivência e experiência de vida.

Não só de angústia, revolta e melancolia que a obra do Sérgio é composta. Seu humor se mostra bem sofisticado em vários poemas e funcionam bem como válvula de escape frente à toda inquietação provocada por outros versos.

Os poemas de sua obra também são marcados pela alternância e mistura da linguagem formal e informal. Às vezes vamos nos deparar com versos muito complexos, quase que uma metapoesia, com um tom muito enigmático e que torna a leitura um desafio.

Gostei demais da leitura. Levei o mês inteiro de setembro para realizá-la, por que poesia não é algo que eu goste de consumir intensamente como uma traça, o que acaba acontecendo na leitura de alguns romances.

Fica a minha indicação!

site: http://vidaliteraria.net/dias
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