Nay C 27/10/2024
Transborda vulnerabilidade
O livro se inicia imediatamente após os eventos do sétimo livro, quando Jamie foge com Lorde John e William deixa a casa frustrado ao descobrir a verdade sobre sua paternidade. De início tivemos muitos pontos de vista: Claire, Jamie, Ian, Rachel, Lorde John e William. Essa alternância de perspectivas me deixou um pouco cansada, mas entendo que era necessária, já que os personagens estavam em lugares distintos.
No final do livro, percebi uma mudança no estilo de escrita, como se houvesse um coautor ou algo assim. Ou será que eu estou sentindo Outlander diferente depois de tanto tempo?
Uma das coisas que mais gostei foi ver Claire se sentindo vulnerável. Geralmente, ela encontra soluções para tudo e se mostra forte, mas neste livro ela luta em aceitar a sua fragilidade, quando ela sempre se impôs como uma mulher forte. Acompanhar sua experiência através da perspectiva de outros personagens, vendo seus medos e ansiedades, mostra mais uma vez uma pessoa real.
Jamie, por outro lado, nunca agiu tanto por impulso como dessa vez, todos os acontecimentos verdadeiramente o desnortearam, até ele se mostrou internamente mais vulnerável. Seu amor por Claire e por sua família é palpável, por seu povo, seus amigos, os sentimentos que desperta para protegê-los. Seu senso de responsabilidade, em saber que muitos dependem de suas decisões e o quanto ele não é nem um pouco negligente, indo muito além das expectativas, muitas vezes por amor e saber o que é certo.
"- Eu amei outras pessoas e ainda amo muitas Sassenach... mas é você quem guarda o meu coração inteiro nas mãos... - disse ele baixinho. - E você sabe disso."
A desolação de William é muito real, sinto pena dele pela honra ferida, enquanto busca descobrir quem ele é, pois intrinsicamente ligava sua honra e personalidade à sua origem. No entanto, algumas partes do seu ponto de vista me pareceram maçantes. Me compadeci de lorde John também, que sofreu muitos percalços ao longo do caminho, rejeições e ainda se manteve com classe e postura.
As reflexões de Ian acrescentam profundidade à narrativa; sentimos a dor que ele carrega, a culpa e o medo de repetir os erros, além do desejo de fazer as coisas de forma diferente.
Como nos livros anteriores, a narrativa inclui cenas que acontecem antes, durante e depois das batalhas, uma vez que a história se desenrola no contexto da guerra pela independência dos EUA. Porém esse ciclo de Jamie e Ian irem para batalha, de Claire ser uma das médicas do local, os desafios enfrentados por ela ser mulher, de tratar os feridos e lidar com os mortos, de descobrimos pontos importantes da guerra, emboscadas, estratégias... Senti que a repetição de situações tornava a narrativa um pouco previsível.
Entretanto as partes que eu mais aguardei em ler foram as de Roger, Brianna, seus filhos e Buck. Essas se mostraram misteriosas e surpreendentes, com teorias sobre a época em que estavam, como Brianna está lidando com a situação, como as crianças estão envolvidas, o porquê eles estão sendo perseguidos. O retorno à profecia dos Lovat e a importância da união familiar também foram destaques.
Quantas pessoas viajaram pelas pedras e impactaram a história? Será que a presença delas fez a diferença? O que é imutável e o que não é?
Diana, neste livro explora a vulnerabilidade de maneira intensa. Os personagens enfrentam suas fraquezas, revelando medos e inseguranças que muitas vezes estão ocultos sob camadas de força e coragem. Por mais que não concordemos com as atitudes dos personagens, as histórias são humanas e os sentimentos autênticos. Essa exposição mostra que mesmo os mais fortes podem se sentir desamparados e frágeis.