Lu_ 12/11/2024
Para um romance escrito por um homem...
Se você pretende ler esse livro escondido, cuidado: sérios riscos de soltar uma gaitada do nada, no meio de todo mundo hahaha'
O livro é muito engraçado, cheio de cenas inusitadas que tornam a leitura muito leve. O romance é um slow burn muito bem construído - eu odeio slow burns pois, na maioria das vezes, os personagens só não ficam juntos por c* doce. Nesse livro, o slow burn foi muito cabível, em virtude da necessidade dos personagens se desenvolverem e amadurecerem como indivíduos primeiro.
Alguns poréns:
1) A Rosie é PhD em psicologia, a melhor amiga dele é psicóloga e NINGUÉM suspeita que ele é Aspie? Não faz sentido! Eu entendo muito ele pesquisar e falar sobre autismo e não se identificar pois ele levaria tudo na literalidade e teria dificuldade em se enxergar nos exemplos de características sozinho. MAS NÃO ENTENDO COMO OS OUTROS NÃO ENXERGAM!
2) A Rosie é muito superficial, Deus me livre contratar uma psico assim, que diz para o Don que ele não sabe amar! Gente?
3) Acho que algumas mudanças que ele fez no final foram positivas mas foram muito longe da realidade, se um neurotípico ler esse livro ele pode pensar "ah, então fulan@ só não muda porque não quer/ só não muda pois não me ama o suficiente". Por favor, só de tirar o quadro das refeições padronizadas ele já teria se desregulado e ficado não-verbal por horas! INDEPENDENTE DO QUANTO ELE AMASSE A ROSIE.
4) Eu não acho que seria tão fácil para o Don quebrar tantas regras e códigos éticos quanto ele quebrou no livro...
5) O final é muito apressado, incabível!
Outros pontos eu até entendo pois o livro é de 2013 e as coisas eram um pouco diferentes naquela época, para dizer o mínimo.
No geral, eu gostei muito da ideia do autor de trazer uma pessoa que tem muitos traços e características, não recebe o devido diagnóstico e vive uma vida funcional. Quantas pessoas são diagnosticadas erroneamente e passam uma vida se sentindo um peixe fora d'água? Também gostei que ele trouxe alguns pontos sobre preconceito. Como quando a Julie diz "nós não usamos a palavra Aspies, pois não queremos que eles achem que isso é um tipo de clube" (IN DA CLURB, WE ALL FAM!!!!!); quando ele percebe como os pais estavam mais preocupados com que os seus filhos parecessem neurotípicos, do que se sentissem bem e quando todos na volta dele esperam que ele se comporte dentro da caixa, não importa que ele não tenha um diagnóstico ou não, não percebi iniciativas para ajudar ele a se desenvolver, dentro de uma situação mais amigável/confortável possível.
Ufa, acho que essa foi a minha maior resenha. E vocês, o que acharam?