JP_Felix 20/11/2022
Sinceramente...
Começando com um belo insulto, é inacreditável que uma história dessas consiga decair tanto mesmo nem tendo sido boa para começo de conversa.
A segunda metade do livro anterior foi interessante na criação e apresentação de seus conceitos místicos e divinos, comentando sobre deuses e dimensões de existência diferentes para outras raças. Comecei este achando que agora que a protagonista está em outro plano, esses conceitos seriam melhor trabalhados e construídos, mas...
Sinceramente, que história meia-boca. Um livro inteiro com birra de adolescente que está muito mais focada em não ficar mais caidinha pelo crush que focar no fato que a existência dela põe em risco dimensões e que todos a querem morta. E falando nisso, mesmo esse drama é mal feito, pois todo mundo a quer morta, mas nunca querem matá-la.
Todo o conceito dessa outra raça que não sente nada é interessante, mas a autora simplesmente não consegue trabalhar isso. Em muitos casos, eles são mais humanos que os humanos, sentindo remorso, pena, compaixão, apego, atração, mesmo quando o livro diz com todas as letras que eles não sentem atração e que sexo é só reprodução, e nem mesmo eles amam seus filhos.
Um segundo depois, vemos filhos com ciúmes, pais preocupados com os filhos, reis que se sacrificariam por amor ao seu povo, pais adotivos que gostam e cuidam de seu filho. A autora simplesmente jogou esses conceitos para tentar dar profundidade, mas não consegue aprofundar simplesmente por não conseguir manter a coerência do que construiu.
Por um certo tempo até perdoei, já que a protagonista supostamente desperta sentimentos, mas fica difícil ver dessa forma quando ninguém parece se importar. Uma raça que enche a cara e transa pra simular sentimentos tem a literal única pessoa que desperta sentimentos bons neles e ainda assim eles zombam de quem acredita na profecia, sendo que a protagonista é literalmente um milagre e todos sabem disso.
E outra, como funciona essa profecia? A maldição não seria quebrada quando um deles e um humano se amarem mesmo sendo impossível? Os pais dela já não fizeram isso? Ela já não é fruto de um anor impossível e isso já deveria ser a profecia?
Sinceramente, esses problemas só se agravam pela incapacidade da autora de fazer uma narrativa no nível de uma pessoa de mais de 15 anos, sempre focando na redundância da protagonista ficando chateadinha com o namorado o tempo todo e as mesmas cenas repetidas de "você me enganou" e "confio em você porque você provou que fez tudo por mim", como se algum leitor tivesse dúvidas que ele está fingindo ser babaca pra protegê-la, afinal são um casal. Sem um pingo de química, mas são um casal.