nenos 22/07/2024
A busca pelo laissez-faire
O sucesso empresarial, inicia o Prof. Alexandre Assaf, passa necessariamente pela dinâmica dos mercados financeiros. Mas o que significa esse termo carregado de definições indigestas e condicionadas? O livro-texto tem por objetivo principal apresentar um escopo amplo do sistema financeiro, que vai muito além de valores mobiliários negociados na bolsa de valores e seus temperamentos subjetivos. Por se tratar de um livro didático, a escrita é objetiva, apresentando as constantes e variáveis passíveis de atualizações ou repristinações com uma boa estrutura correlativa e progressiva.
Quando estudamos um conceito, faz mais sentido iniciar pelo que é reconhecido como os fundamentos objetivos, para então prosseguir o raciocínio sobre a extensão do assunto. Os mercados financeiros têm suas raízes na economia, matéria que visa estudar os recursos, suas formas de obtenção, produção, distribuição, utilização, transações e a geração de riquezas. Para promover a eficiência desse sistema, existem alguns pilares responsáveis por determinar, regulamentar, instruir, mensurar, intermediar, gerenciar, mitigar e promover a eficiência.
Dentre os diversos temas, teorias, normas, processos, práticas, precedentes, nuances e participantes desse ecossistema, podemos citar: macroeconomia introdutória; a política monetária, cambial e fiscal; a inflação brasileira; os indicadores e programas de desenvolvimento; a estrutura do sistema financeiro e a formação de fluxos; intermediações de títulos; o mercado de capitais e cambial; análises dos mais variados riscos; formação das taxas de juros e demais utilizadas como referência; um estudo completo do mercado de ações; atuação dos investidores institucionais e outras práticas.
O compêndio é extenso, mas uma ótima introdução e base para pesquisas dentro do guarda-chuva financeiro. Assim como em nosso sistema jurídico, a atmosfera financeira atua em antinomias, ou seja: cada esfera possui uma competência. As competências subdividem-se em duas: o subsistema normativo, composto pelo CMN, o Bacen, a CVM, as instituições especiais (BB, BNDES, CEF); e o subsistema de intermediação, com as instituições financeiras bancárias, instituições financeiras não bancárias, sistema de poupança e empréstimo, instituições auxiliares e instituições não financeiras.
O ecossistema é mutável e possui diversas nuances que devem ser observadas em uma análise de riscos, uma vez que as competências distintas causam danos conhecidos e desconhecidos que são entrelaçados por todo o sistema financeiro. Nas instituições auxiliares, por exemplo, habitam as bolsas de valores no denominado mercado secundário. Especula-se a hipótese desse mercado funcionar no espectro da eficiência e ineficiência, ou seja, oscilando entre simetria e assimetria de informações, com valuations contínuos e a incerteza dos preços praticados capazes de questionar a solidez de um empreendimento submetido a esse regime.
Importante ressaltar que vivemos em um país onde há o poder de regulação parcial da administração pública federal, mediante aprovações do Congresso, sobre as três políticas citadas anteriormente, o controle exclusivo dos meios de pagamento, emissões de títulos públicos, entre demais atribuições. Em apoio, podemos chamar de autorregulação a parte adotada por entidades desvinculadas do governo central, incluindo: a BM&F Bovespa, o BNDES, associações de bancos de investimentos, Anbima e demais instituições que visam coalescer o crescimento e desenvolvimento econômico.
Parafraseando o Comandante Chris Hadfield em uma de suas aulas, “quanto mais você sabe, menos medo você sente”, a demagogia incompleta do capital transformou a expressão “viver de renda” em uma realidade distante para os brasileiros. Conceitos dos quais, se estudados, podem fazer parte de uma análise de riscos cada vez mais apurada sobre o funcionamento do sistema financeiro nacional, suas muletas, oportunidades e a contínua análise crítica para gerir seus recursos, manter-se antenado sobre os recursos da nação e demais oportunidades estrangeiras.
Support freedom of knowledge. Link dos meus highlights: https://drive.google.com/file/d/1AOWVFoLgnKw863Ov_gl7pP00bdt2x_Te/view?usp=sharing