Rangel 11/02/2017
Sagradas Escrituras em Linguagem Popular
A Bíblia Sagrada - Edição Pastoral da Editora Paulus procurou utilizar uma linguagem mais simples e compreensível da tradução dos originais dos textos sagrados, conforme o trabalho da Sociedade Bíblica Católica Internacional, autorizada pela CNBB a fim de os católicos terem mais contato e diálogo com a Palavra de Deus. Inicialmente, há de reportar que a Bíblia é um conjunto de livros que revelam a história de Deus presente na vida humana e que expressa a revelação do seu projeto. Interpretar a Bíblia no seu texto, contexto e pretexto é necessário para não cair no reducionismo literário fundamentalista ou fazer uma leitura ingênua, o que além de ler o texto bíblico, é preciso verificar as notas e explicações de entender o porquê dos trechos.
Ao classificar os livros da Bíblia, remete-se primeiro dividi-la em 2 grandes partes: Antigo Testamento (Pentatêuco, Livros Históricos, Sapienciais e Proféticos) e Novo Testamento (Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Cartas Paulinas, Cartas Apostólicas e Apocalipse), que significam a Antiga Aliança de Deus com o Povo de Israel e a Nova Aliança em Jesus Cristo que constitui seu novo povo, a Igreja.
No primeiro bloco de livros da Bíblia, há o Pentatêuco (os 5 primeiros livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Gênesis remete a origem do mundo e da humanidade, do Povo de Deus iniciado pelos patriarcas Abrão, Isaac, Jacó (Israel) e seus doze filhos que se distribuíram em doze tribos. Êxodo é o livro da saída do povo de Israel do Egito, voltando para a Terra Prometida (Canaã) por Deus para selar o Código da Aliança (Mandamentos) com Moisés. Levítico é o livro da tribo de Levi, que exerceu a função sacerdotal do Povo de Deus a fim de tratar dos rituais de consagração, comunhão e perdão. Números é o livro do recenseamento do Povo de Deus, denominados hebreus do deserto, que protegem a Arca da Aliança. Deuteronômio é o livro da segunda Lei, que é adaptação da Lei na vida do povo hebreu na Terra Prometida, considerado modelo de vida social e até pastoral.
No segundo bloco de livros da Bíblia, são os Livros Históricos, que contam a história de Israel desde a época dos Juízes, passando pelos Reis, até a divisão em 2 Reinos (Israel e Judá), até a queda de Israel para o Cativeiro da Babilônia, e depois retornarem a sua terra prometida Canaã. Os livros históricos são: Josué (conquista da Terra Prometida), Juízes (ações de líderes de Israel com feitos históricos de conquistas e heroísmo), Rute (luta dos pobres pelos seus direitos), I e II Samuel (história do último juiz Samuel, seu exercício de autoridade e unção do Rei Saul e depois do Rei Davi), I e II Reis (história dos reis de Israel até a divisão do Reino em dois – Israel e Judá – até chegar a sua ruína), I e II Crônicas (releitura da história do povo de Deus com algumas revisões), Esdras e Neemias (reorganização de Israel com a reconstrução do Templo), Tobias (história do justo Tobias com esperança), Judite (história da força de Israel considerado fraco pelos inimigos), Ester (história da rainha Ester que se dedica a serviço da Justiça influenciando o rei), I e II Macabeus (história dos irmãos heróis Macabeus em resistir aos povos inimigos e manter a fé na luta).
O terceiro bloco da Bíblia são os Livros Sapienciais, considerados livros poéticos com mensagens belíssimas. Os livros sapienciais são: Jó (história de Jó, temente a Deus que passa por provações e permanente na fé), Salmos (atribuídos ao Rei Davi, que são canções de oração de louvor, agradecimento, súplica, misericórdia, compaixão e fé em Deus contra os inimigos), Provérbios (experiência do Povo de Deus pela fé, quando busca ouvir a voz do Senhor), Eclesiastes (exaltação da felicidade de viver o tempo presente), Cântico dos Cânticos (declaração de amor de um casal que vive o que Deus lhes prometeu), Sabedoria (conselhos de Justiça e Imortalidade) e Eclesiástico (reforço de viver a fé na preservação da identidade do Povo de Deus).
No quarto bloco da Bíblia, estão os Livros Proféticos, que são: Isaías (profetismo da santidade de Deus e prenúncio do Messias), Jeremias (profetismo do prenúncio da Nova Aliança), Lamentações (atribuídas a Jeremias, que busca reforço da fé do povo de Deus humilhado), Baruc (livro de arrependimento e conversão), Ezequiel (história do profeta que renova seu coração em Deus com visões fantásticas do novo mundo), Daniel (visão da última revelação de Deus e o triunfo do Reino de Deus), Oseias (reforço da fé de que Deus é fiel), Joel (prenúncio do dia do julgamento), Amós (denúncia contra as injustiças sociais), Abdias (exortação contra a falta de solidariedade), Jonas (envio do profeta Jonas por Deus para ultrapassar as fronteiras), Miqueias (anúncio do direito dos pobres e oprimidos), Naum (profecia da ruína do opressor), Habacuc (profecia de que o justo viverá por sua fidelidade), Sofonias (conforto aos pobres da Terra), Ageu (profecia de reestruturar o Povo de Deus), Zacarias (profecia da continuação de Deus presente no meio do povo) e Malaquias (anúncio da religião sincera de coração).
O quinto bloco de livros da Bíblia é o início do Novo Testamento, que são os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. No Evangelho de Mateus apóstolo, trata Jesus como Deus Conosco (Emanuel), que comunica a Palavra de Deus à humanidade com a promessa que estará presente até o fim do mundo; Jesus, no caso, é o Messias, que realiza as promessas do Antigo Testamento e que é o Mestre da Justiça, que traz a boa mensagem de realizar a vontade de Deus. No Evangelho de Marcos, discípulo de Paulo, traz a boa mensagem em dizer quem é Jesus, o Cristo, o qual pratica e é coerente naquilo que prega no seu testemunho de vida, pois Jesus é a manifestação da concretização do Reino de Deus, nas relações humanas em disposição para o serviço a todos, o que expõe e a vida concreta de Jesus. No Evangelho de Lucas, discípulo de Paulo, Jesus é colocado como o caminho da salvação, o qual mostra o processo da libertação humana na história, principalmente, dos mais pobres; e assim, a morte de Jesus é bem relatada e indicada para as pessoas retomarem sua própria história, seu caminho e sua vida, tendo o Deus Pai como fonte. E no Evangelho de João apóstolo e discípulo amado, remete Cristo Jesus como a Encarnação da Palavra de Deus, que se fez ser humano, enviado para revelar à humanidade a vontade do Deus Pai, pois o mundo será julgado, e que o amor e o serviço aos irmãos é o caminho da salvação.
Depois, vem o Livro dos Atos dos Apóstolos, que é obra de Lucas, o qual mostra o caminho da salvação em vida de todo cristão, que enfoca a ascensão de Jesus e o início da Igreja de Cristo com os apóstolos, tendo os principais líderes entre eles, Pedro e Paulo. Pedro é tido como o líder dos apóstolos, enquanto Paulo, antes Saulo, convertido ao ensinamento de Cristo, que se torna pela sua missão, o apóstolo dos gentios (estrangeiros, os não judeus). No livro dos Atos Apóstolos, retrata a vida em comunidade dos primeiros cristãos, modelo de Igreja (Assembleia – povo reunido em Cristo).
O próximo bloco de livros são as Cartas Paulinas, ou seja, do apóstolo Paulo, quando viajou e evangelizou vários povos, que foram: os Romanos (ênfase da salvação pela fé), I e II Coríntios (saber lhe dar com os conflitos na comunidade e demonstrar como a força se manifesta na fraqueza, enfatizando a questão máxima do Amor), Galatas (que mostra como sair da escravidão e viver a verdadeira liberdade), Efésios (ênfase na vida plena em Cristo), Filipenses (demonstração do verdadeiro Evangelho), Colossenses (demonstração de que Cristo é a imagem do Deus invisível), I e II Tessalonicenses (ênfase na fé, esperança e amor, até na resistência aos conflitos), I e II Timóteo (apelo ao discernimento e combater o bom combate), Tito (expressar a fé na vida), Filemon (em Cristo, todos somos irmãos) e Hebreus (atribuído a Paulo, que procura mostrar Jesus Cristo como único sacerdote verdadeiro).
No sétimo bloco, há os livros apostólicos, que são de: Tiago (a fé é prática da justiça), I e II Pedro (proporcionar lar para quem não tem casa e preservar na esperança, a perseverança), I, II e III João (dinamismo da fé e do amor, viver na verdade e sermos cooperadores da verdade) e Judas (não desanimar da fé e da vida).
Por último livro da Bíblia, é o Apocalipse (livro profético e de revelação do apóstolo João), que estimula a coragem do testemunho, pois o apóstolo demonstra o que vai acontecer na história humana e como Deus vai agir no julgamento e como vai ser definitivo o seu Reino. Apocalipse é considerado o livro mais simbólico da Bíblia, com várias mensagens a serem decifradas pelo recurso metafórico e figurado da linguagem. O livro retrata o sincretismo religioso porque é direcionado a Ásia Menor e como será a queda da dominação do Império Romano em relação aos cristãos e ao mundo. João estimula o fortalecimento das comunidades e como superar momentos difíceis, pois o Reino de Deus é certeza da esperança como sociedade nova.
Enfim, li duas vezes a Bíblia Sagrada, com atenção, observando entrelinhas, notas e contexto e vi o quanto é fascinante as Sagradas Escrituras que todos nós, cristãos, quando lemos para ouvir Deus na vida da gente, por aqueles, que inspirados por Ele, escreveram os livros que constituíram o conjunto do que foi a origem e a história do Povo de Deus, um povo que caminha na esperança de viver e realizar o mundo melhor, que é o Reino de Amor, Paz, Justiça, Fé e Perdão. Posso concluir que é fantástico ler a Bíblia, não somente como cristão, mas como ser humano que busca respostas em como viver a vida de forma plena com as pessoas mais próximas, nossos irmãos e irmãs, em como viver o amor generoso, solidário e misericordioso.
site: http://lrangel.ortiz.zip.net/