Bryan54 21/03/2024
Testemunho das minhas reflexões com Deus e a Bíblia
Lembro-me, ao me imaginar novamente com meus olhos de criança, dos tempos em que eu costumava ir a igreja em família, as primeiras vezes em que pus meus pés no templo. Ouvia as pregações e esperanças dos pastores e as numerosas bênçãos, que Deus derrama sobre nossas vidas se caminharmos com ele e guardarmos seus mandamentos com fé.
As alegrias e promessas por um instante me faziam supor que os cristãos estariam blindados quanto as aflições deste mundo. Eu saia para fora dos portões da igreja e não conseguia compreender tamanha contradição entre as felicidades prometidas e as dificuldades enfrentadas pelos seus membros rotineiramente. Todos facilmente sabem quem é ?Deus na alegria?, mas quantos de nós reconhecemos a ?Deus na tristeza??
A mim faltava-me entendimento sobre essa segunda faceta de Deus, fundamentalmente a única que nos permite ir ao combate com o Absurdo da vida e a dar graças mesmo quando estamos sob o jugo de cinzas, de morte e de derrotas. Precisei então, recorrer às escrituras para conhecer de verdade o Deus que sirvo.
No dia em que escrevo isso, termino de ler o conjunto completo da Bíblia Sagrada. Foram mais de 6 Meses de leitura, pesquisas de comentários bíblicos, persistência em alguns livros difíceis (Números e Deuteronômios em especial) e bastante dicionário. Eu não me atentei tanto a questão de buscar uma linguagens simplificada. Uma Bíblia com traduções atualizada teria me poupado grandes aflições!
Existem muitíssimas reflexões que eu pude extrair desta leitura insubstituível, mas prefiro dissertar e teorizar sobre uma infame pedra pesada na dorsal dos humanos: ?o fato de que Deus nos machuca e as vezes permite nosso sofrimento?.
Hoje eu estou aberto a ideia de que um cristão que só recebesse a bondade de Deus o tempo todo seria imaturo na fé. É pela tutoria da angústia que temos um crescimento pessoal e espiritual muito peculiar, a qual a abastança não está capacitada para ensinar. Nela somos testados a extrair o melhor de nós em meio ao pior dos casos, o que traz à tona a humildade capaz de quebrantar até o coração mais orgulhoso.
A angústia que vem dos homens é destrutiva (vícios e fraquezas da carne), mas o consentimento para nossas aflições que vem do trono de Deus é construtiva, e nos capacita para a fidelidade em Deus. É sábio aquele que aprender a diferenciar o sofrimento destrutivo (pecado) do construtivo (provação) e se porventura aprendermos que Emanuel está conosco nas amarguras, quem dirá no regozijo então?
O que eu sei é que todo homem e mulher de sua geração que se sente pesaroso(a) deveria ler Lucas, Jó, Eclesiastes, Jeremias ou Lamentações ( jamais estaria descartando o outros escritos?). Todos esses livros atestam que independente das dores humanas expostas, Deus não se alegra delas, muito pelo contrário, ele se compadece muito mais que qualquer um, relembrando até das injustiças que já recebemos e esquecemos. Nós por outro lado, somos ingratos e facilmente começamos a duvidar das intenções de Jeová, mesmo que anteriormente ele já tenha se provado de confiança.
Uma ótima representacao do nosso dilema é imaginar que caminhar com Deus é semelhante a estar em um casamento. Ele é o esposo fiel e magnificente e nós, sem dúvida alguma, a mulher insatisfeita e adúltera que somente sorri mansamente quando recebe presentes. Infidelidade a nossa!
Que possamos em tudo aprender a dar graça ainda nessa vida, enquanto é tempo para sincera admiração deste matrimônio terreno.
Finalizo esse testemunho com um certo sabor agridoce no paladar de alguns, não esperançando a unanimidade dos leitores dessa reflexão. Afinal, sou somente um cristão simples compartilhando suas opiniões filosoficas e ousando questionar a razão teologica para as mazelas que vivemos neste plano terreno (gerações de eruditos já se deram na buscar, sem pleno sucesso).
Não penso que estou capacitado para falar tanto das coisas de Deus, mas por outro lado, me sinto totalmente seguro em falar das coisas que creio que Jesus fez cogitar em mim.
E preferencialmente, para os Ateus que leram até aqui, estou deixando esse aforismos que aprendi em Cristo, e creio que o próprio Nietzsche, repousando seu túmulo, não discordaria totalmente:
?Não sorrirá só quando fizer sol e chorará quando vier o frio.?
?Dançai os ciclos e ritmos da vida enquanto há luz que anima, mas também bendizei as lições que a escuridão ensina.?
?Aceitai os dias bons e os dias maus, em igualdade, a folgar a felicidade e reverenciar a tristeza.?
?Porque punhado de areia é o vosso destino, e há fração do montante em mãos. Cerrai os dedos, o vento sopra e o que ficar engrandecerá.?
?E ainda que alguns de vós dizeis Amor Fati, eu porém vos digo, dizeis Amor Christi.?