DezzaRc 25/07/2014
Lost Boys é uma trilogia sobrenatural escrito pela brasileira Lilian Carmine. Antes de ser publicado, o livro era postado em inglês no Wattpad, e fazia muito sucesso entre os gringos. Devido a isso, uma editora europeia se interessou pela obra e fez a oferta a Lilian. Aqui no Brasil, a editora Leya comprou os direitos para tradução. O engraçado foi a autora dizer que escrevia em inglês para ser lida, o que realmente conseguiu. Lost Boys tem mais de 30 milhões de visualizações no site em que foi originalmente postado.
O livro fala de um romance sobrenatural entre uma garota e um fantasma. Não tem nada a ver com A Mediadora, antes que os fãs levantem as mãozinhas. Este livro me surpreendeu desde o início, pois quando Joe (a protagonista) encontra Tristan (o fantasma) pela primeira vez, eu realmente achei que seria aquele romance meloso, e toda aquela coisa de amor à primeira vista sem sentido. Mas a autora me surpreendeu ao entregar a personalidade da protagonista e a reviravolta que fez tudo mudar.
Lilian se preocupa bastante em quebrar alguns clichês. Ela os insere no texto e dá uma nova cara, como a garota loira e popular que no início parece ser a típica líder de torcida fútil e diabólica, mas se mostra uma ótima amiga e ouvinte posteriormente. Sobre os demais personagens, senti falta do show, don’t tell. Sam, por exemplo, é descrito como uma pessoa engraçada e com ótimas tiradas, mas fiquei esperando essas piadas tão legais e ele me pareceu mais como um cara comum. Na verdade, um que nem fede nem cheira.
Quando li a sinopse do livro, achei que se tratava de uma coisa, mas é outra bem diferente. Odeio quando isso acontece. Tive esperança que o livro focasse mais no sobrenatural e no mistério, mas não é o que vemos em grande parte da leitura. Lost Boys está mais para um drama adolescente, e isso me decepcionou um pouco. A ideia da trama era realmente legal, a forma como o mistério começou, as bruxas, as coisas que Tristan sentia, porém, nada disso foi de fato explorado. Talvez com a continuação (já me desanimei com a necessidade de continuações) esses pontos sejam mais desenvolvidos.
Outra coisa que me deixou irritada foram os obstáculos que a autora inseria na obra, e a forma como eles eram solucionados. Você realmente acha que a coisa é séria, e que quase não existe um jeito de resolver aquilo, quando, do nada, depois de um chute ou duas palavras, tudo volta ao normal como num passe de mágica. Não sentimos nem a tensão do problema, porque, no fim, você se pergunta se aquilo era mesmo um problema. Praticamente não há clímax, ou ele é fraco demais. Tudo se desenrola fácil, Joe consegue tudo que quer apelando pra porrada, ou com um discurso que deixa a todos (menos eu) mexidos. Ninguém a engana. Até com a morte ela faz amizade. Ela é indestrutível, como eu diria. E até pouco tempo nem sabia quem era.
Provavelmente, minha fase de ler esse livro tenha passado, acho que uma garota de 13/14 anos iria apreciar mais a leitura. Lilian foca nas relações interpessoais dos adolescentes, e deixa o sobrenatural a desejar. A revisão do livro também não foi das melhores, fiquei abismada com alguns erros que deixaram passar; além de grotescos, eram repetitivos.
A continuação, The Lost Girl, ainda não foi lançado no Brasil. Pretendo prosseguir a leitura, e, quem sabe, mudar minha opinião a respeito do livro. Classifico-o como bom no Skoob (três estrelinhas).