Alex 19/08/2017
SEM MARKETING, NÃO HÁ LULA, NÃO HÁ PT
Escrito pelo conhecido historiador Marco Antonio Villa, "Década Perdida - Dez anos de PT no poder" faz um resumo do caos que foi a administração petista, desde a posse de Lula, em 2003, até o ano de 2012, durante o primeiro mandato de Dilma Roussef (o livro foi publicado em 2013). Considerando o fato que o autor tem sido um ferrenho crítico ao petismo e ao lulismo, esperava capítulos muito mais agressivos do que são, de fato.
Com a elegância e conhecimento que o tornaram um dos mais respeitados comentaristas políticos do Brasil, Villa discorre sobre cada um dos 10 anos aludidos, narrando passagens como a lua de mel entre Lula e a imprensa (que terminaria pouco antes do estouro do escândalo do Mensalão, em 2005), casos envolvendo os principais aliados do partido em situação de condenação pela justiça por crimes de corrupção, mentiras para amansar a população, criação de figuras messiânicas, entre outras aberrações do período petista. O autor não condena Lula, mas expõe todos os parceiros do ex-presidente, que foram condenados durante seu mandato: José Dirceu, José Genoíno, Cândido Vacarezza, Marcos Valério, Carlinhos Cachoeira, entre outras figuras que os jornais de todo o país cansaram de mencionar os nomes durante os períodos em que os escândalos aconteceram.
Se você não é petista, este livro é praticamente uma obrigação. Aqui é possível rememorar a caminhada do partido que se vendeu, a vida toda, como "anticorrupção", se afundando em sua própria demagogia, esquecendo de sua ideologia e mentindo para se perpetuar no poder.
O quase terceiro mandato consecutivo de Lula, as falsas afirmações em prol do marketing do partido, os programas sociais que foram enfeitados para vender uma imagem diferente daquela que se via na realidade e até a campanha antecipada (e ilegal) de Dilma Roussef, colocada por Lula como "mãe do PAC" em todos os eventos oficiais do presidente, durante 2010, são temas abordados com riqueza de informação, fazendo-nos pensar: onde erramos? Por que esquecemos de tudo o que estes vigaristas fizeram e permitimos que continuassem a comandar o nosso país?
É interessante também reconhecer como se deram as alianças partidárias, quais os seus interesses intrínsecos e como era (ainda é, na verdade) feito o fatiamento das repartições e pastas públicas aos companheiros que, com sua influência oligárquica, colaboraram para que se desse a eleição do PT nos 3 embates presidenciais narrados no livro. É fundamental, também, reconhecer o poder do PMDB na chapa que elegeu Dilma (o que culminaria, após o impeachment da ex-presidente, numa revolta generalizada dos petistas, chamando o ato do partido, até então aliado, de 'golpe').
Não existiria Lula nem PT se não fossem as belíssimas campanhas publicitárias bem criadas e dirigidas ao longo dos últimos anos. Apelando a bordões que remetem a mentiras maquiadas, ações populistas que reforçam a crença num messias nacional e assassinando a reputação de qualquer adversário político, o Partido dos Trabalhadores se manteve no poder do país durante tanto tempo, vendendo falsas melhorias sociais e enriquecendo empresários corruptos, aparelhando a máquina pública para angariar novos aliados políticos e buscando transformar o Brasil num reino de ilusão e corrupção. No momento em que escrevo esta resenha, o PT está fora do governo federal, mas já há uma grande movimentação publicitária afim de fortalecer a imagem do (condenado a 9 anos de prisão) ex-presidente Lula, que possivelmente concorrerá a seu terceiro mandato nas eleições de 2018. A democracia no Brasil respira por aparelhos, muito em função do projeto criminoso de poder de Lula e sua gangue.