Alassë 26/06/2021Lavínia, o objeto de admiração, adoração e imaginaçãoDesde 2012, este livro rondava o meu interesse sem nunca se concretizar, eis que em busca de descobrir o Brasil, este romance veio como uma representação do garimpo do interior do estado do Pará. O que mais me prendeu, no entanto, é narrativa. Em determinadas situações todas as três figuras têm o seu destaque, mas Lavínia nunca é ouvida, sua voz é sempre recitada pelos outros, como um objeto a ser admirado, possuído e zelado, mas jamais sujeito. Até o seu secreto passado é contado por um narrador oculto. O fotógrafo Cauby torna-se o nosso guia entre os labirintos da pobreza, exploração e criminalidade local, mas a sua odisseia é o relacionamento fadado ao insucesso com Lavínia, a qual ele deposita todo o seu imaginário e as noções aprendidas do seu escritor favorito Schianberg. A realidade de quem era Lavínia, no entanto, a gente nunca saberá porque só ouvimos o que sai dos lábios do pastor Ernani e do fotógrafo Cauby.