Raphael 03/01/2020
Pequeno, tendencioso e antí-analítico.
Primeira vez que dou nota mínima em uma leitura (1.0) na comunidade do Skoob, quero me justificar por uma rápida resenha.
O autor até tenta dar um histórico para ensejar melhor a figura que um deputado representa, mas é fraco e breve demais para cativar o suficiente, faz um apanhado no tempo com gregos, ou seja na imagem mítica daqueles que começaram a democracia, mas ficar no óbvio é não sair do raso ou seja, mais do mesmo sem adicionar ao objetivo do título.
Apesar dos pesares encontro sim um 'highlight' na obra, quando fala de uma vontade e de uma classe política, essas qual configuram o indivíduo político (deputado) em estar à serviço para população antes de mais nada e saber fazer com desprendimento numa espécie de compaixão do outro (vontade). A classe política é então um nicho onde simplesmente políticos ocupam de maneira transitória e inconclusiva sem mesmo agregar com sua força sobre os designos que uma nação deve tomar, fazer valer leis, observar, construir... São apenas mais um na câmara sem capacidade ou melhor vontade em mostrar os votos que tiveram para tal.
Mais 'lowlights' pude encontrar quando o autor afirma: "o período de 1945 a 1964 o parlamento foi débil e conservador", e na sua viragem para o militarismo se mostraria uma versão em recrudescência desse mesmo parlamento. Logo então começa a mostrar o seu ser tendencioso e que por qual adivinha como então a história deve se comportar, afirmando: "o parlamento deve ser forte e progressista", antes me pergunto, o que é ser forte? E então porque o progressismo é explicado diante as revoluções citando a francesa e inglesa, nessa última é patente a atuação de um parlamento no rumo do governo, mas o autor então falha por frear sua análise aí, não informando que essas mesmas revoluções culminaram em ditaduras, na primeira encarnada por um Bonaparte, herói duvidoso e exímio militar e que obviamente atravessando um longo rastro de sangue entre guilhotinas e o diretório não se mostraram tão efetivas sempre levando a nação para guerra. Na segunda revolução, a cabeça fica retratada em Cromwell que também se mostra dentro de uma vontade militar e oportunista que fere a ordem encontrando dentro daquilo que na época está na forma de lei que a religião deve ser confessional para com o Estado, justificando a carnificina das execuções e da guerra civil que levou ao país. Esses feedback com toda certeza não achei na obra de Weffort, tive que pesquisar mais para entender o que há de tão bom no fator revolucionário que então é transformador e garantidor do dito bem-estar.
Chego a conclusão que ao escrever tal obra, um dos pruridos é a crítica do 'status-quo', a ditadura militar foi um mal, mas ao defender uma revolução que acaba justamente nesta é justamente apostar numa antí-analise de fatos e esperar que novamente as utopias progressistas realizem um avesso de períodos conservadores pelo simples fato de inserir caracteres messianicos, do povo, ou endêmicos resolvendo milagrosamente problemas sociais na forma de governo.