Luiz 31/12/2023
Compreendendo a Santa Missa, ou pelo menos uma parte dela
Livro: Manual da Santa Missa
Autor: Rafael Vitola Brodbeck
Rafael é delegado de política e conferencista, além de ser membro da União Brasileira de Juristas Católicos, e Sociedade Internacional Tomás de Aquino, também da Academia Marial Aparecida. Escreveu alguns livros voltados pra fé católica e possui grande destaque nas redes sociais com apologia e explicações sobre a fé católica.
O livro é composto pelos capítulos:
I) Introdução - Preâmbulo
II) Introdução à Teologia da Santa Missa
III) Regras litúrgicas gerais do rito romano
IV) Ritos iniciais e liturgia da palavra
V) Liturgia eucarística e ritos finais
VI) Ministros, paramentos, gestos, vasos e objetos utilizados na Santa Missa
Possui também um Prefácio escrito pelo Prof. Felipe Aquino e um breve texto que apresenta a obra e declara o motivo dela.
Confesso que foi um livro que me decepcionou um pouco, imaginei que a leitura fosse ser muito boa, mas acabei por ter uma quebra de expectativa.
O livro possui uma introdução muito boa, excelente até, o autor consegue fazer uma associações e explicações sobre tudo que estava sendo preparado no Antigo Testamento e no Novo Testamento para compor a Missa como conhecemos hoje, foi um grande complemento ao Livro "Jesus e as Raízes Judaicas da Eucaristia" pois explicou algumas coisas de uma outra forma e serviu como uma "revisão", porém a medida que o livro foi avançando tive a impressão de que o autor foi perdendo o "fôlego", as narrativas e links iniciais que o livro demonstrou foram dando lugar a uma espécie de "Pergunta e Resposta" sobre a Missa.
Eu já tinha vindo de um livro do Pe. Paulo Ricardo, o "Reposta Católica" que já utiliza um método de Pergunta e Resposta pra explicar diversas questões da fé católica, e inicialmente o Rafael V. Brodbeck nesse livro não apresenta essa estrutura, mas conforme vai desenvolvendo os assuntos me pareceu que preferiu adotar essa metodologia. Torna o livro com uma característica meio "dupla" nesse sentido leis há momentos em que ele é brilhante ao remeter diversos aspectos Simbólicos e Imaginativos pra explicar a Missa e tudo que ela comporta pra, em outros momentos, "engessar" em uma metodologia de perguntar e resposta.
"Desde a revelação a Abraão [...]. Pela aliança com nosso pai na fé, o Senhor pede, como prova de que ele o ama, a entrega de seu próprio filho, como vítima sacrificial. [...]
Todos sabem o final da história. O anjo intervém, dizendo-lhe que sua fé foi testada e aprovada. E a entrega de seu filho se torna um tipo de expiação que nos dará a Nova Aliança: um Pai que não hesita em oferecer o Filho Unigênito, Jesus Cristo, que dá seu precioso sangue para remissão dos pecados. Pela sua Morte, o Cordeiro, como é chamado em alusão às ofertas realizadas no rito mosaico, nos abre as portas do Paraíso. Rasgando, em duas partes, o véu do Templo, o Sacrifício de Cristo nos garante a vitória e realiza todos os símbolos do sacerdócio levítico. É Ele, agora, o novo Sumo Sacerdote, Aquele que entra no Santo dos santos, e, tornando a Cruz um novo e perfeito altar, se oferece, de uma vez por todas por nossos pecados. Morrendo nossa morte, para que vivamos sua vida, temos ampla confiança para entrar no santuário eterno, em virtude do sangue de Jesus, pelo caminho novo e vivo que nos abriu através do véu, isto é, o caminho de seu próprio corpo. (Hb 10, 19-20)."
(Rafael V. Brodbeck, p.20)
"Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Essas suas duas naturezas, divina e humana, estão intimamente unidas, aliás, hipostaticamente unidas, isto é, ligadas na única Hipóstase ou Pessoa divina. Sua personalidade divina, essência que lhe é comum ao Pai e ao Espírito Santo, manifesta-se na natureza divina, gerada pelo Pai, que não foi perdida durante sua união com a natureza humana, gerada pela Santíssima Virgem Maria.
Por nossos pecados, contraímos uma dívida para com Deus, que deve ser paga, resgatada. Ora, diante de uma ofensa de tal magnitude, uma ofensa a um Deus, só um resgate de igual valor teria mérito. É a lei da proporção e da justiça: a uma pequena ofensa, um pequeno preço a ser pago; a uma grande ofensa, um grande preço a ser pago; a uma ofensa de valor infinito, um preço de valor infinito a ser pago! O salário do pecado é a morte! (Rm 6,23). Esse é o preço do pecado. E se o pecado é uma ofensa contra Deus, portanto de valor infinito, a morte a ser oferecida também deve ter valor infinito. Diante de nossa condição humana, nunca nossa morte teria valor suficiente para satisfazer o preço do pecado. A justiça requer algo maior! Para tanto, era necessário que um Deus morresse! Por isso, Deus não mandou um profeta para morrer a fim de resgatar o mundo, mas seu próprio Filho!
Por outro lado, quem ofendeu a Deus fomos nós, os homens. Não bastaria simplesmente a Morte de Deus, de Cristo, para satisfazer a justiça. Nós precisaríamos oferecer um dos nossos para pagar o salário do pecado. Nesse pensamento, concluímos o motivo de Deus ter vindo encarnar-se, ou seja, assumir nossa natureza humana!
Jesus Cristo, por ser homem e Deus ao mesmo tempo, tem plenas condições de oferecer um sacrifício que satisfaça a justiça em seu valor (pela sua natureza divina), e na razão de ser o ofensor que o apresenta (pela sua natureza humana)."
(Rafael V. Brodbeck, p.63-64)
É um livro que em seus 3 primeiros capítulos possui um grande diferencial, mas nos seus 3 últimos parece adquirir uma outra característica e perder a sua força, tornando-se por vezes bem enfadonho e chato. Acredito que se talvez ele tivesse estruturado o fim do livro ou reorganizado de outra maneira poderia ter desenvolvido um livro melhor em alguns pontos. Acho que o que pecou mais foi a organização das informações que de outra maneira poderiam ter sido melhor trabalhadas e exploradas.
É um livro interessante, mas que não me pretendeu muito e gerou uma certa decepção por ter começado num "nível muito alto" e ter perdido força ao longo do livro. Acabou que não absorvi muito do final do livro por conta disso.