Aísha 25/07/2022
Puro desapontamento.
Bom, preciso ser sincera quando digo que esperava muito mais da obra. Depois de ler "O Gato Preto", obra da qual me apaixonei completamente, eu esperava bem mais de "O Corvo", ainda que com poucas páginas, pois aprendi rapidamente que o Edgar Allan Poe não precisa de muitas para te prender e surpreender. Eu estava simplesmente encantada com a escrita e o estilo de narrativa do autor, então decidi ler mais uma obra sua, porém a decepção foi certeira.
Compreendo perfeitamente que não são obras que compartilham do mesmo estilo, porém, ainda assim, acredito que criei expectativas de mais por gostar muito de poemas clássicos, e principalmente com temas mais mórbidos, obscuros ou melancólicos. Fiz a leitura não só do texto original em inglês, como de ambas as traduções de Machado de Assis e Fernando Pessoa, e apesar de ter gostado de certos pontos em ambas, acredito que pela de Assis ter sido mais fiel ao texto original e consequentemente mais bem traduzida, essa seria a melhor versão para ser lida. Claro que, se houver a oportunidade de ler ambas, não hesite em absorver as duas visões do poema.
Nesta obra, novamente, Poe traz principalmente a mente humana e seus sentimentos para serem dissecados por suas mãos. Mais uma vez temos uma figura animal que representa os sentimentos do narrador, que aparece para ele em meio a paranoia que o consome, enquanto a criatura segue sendo metafóricamente o motivo de seu tormento. Neste sentido, ambas as obras de Edgar lidas por mim, tem o mesmo objetivo de colocar para fora aquelas emoções que perseguem os nossos personagens, tão sombriamente assombrados por ser atos, suas perdas, e normalmente, sua culpa. No entanto, "O Gato Preto" contém uma narrativa surpreendente, banhada de suspense e com uma reflexão absurda em seu fim, enquanto "O Corvo" me impactou de forma muito superficial, fazendo-me sentir uma forma de desapontamento.
(Um adendo para a finalização do poema na versão de Machado de Assis, onde ao menos esse trecho, tornou-se bem mais impactante quando lido em suas palavras. Apesar de não ter gostado tanto do poema em si, ao final quando o corvo, creio que simbolizando a culpa e o luto, diz 'nunca mais' para o fato de sair de seu umbral e deixá-lo em paz, senti um pouco mais do peso que esse momento originalmente carregava.)
Bem, não tenho muito mais o que dizer. Embora tenha feito uma das maiores resenhas da minha vida ao falar sobre "O Gato Preto", a obra "O Corvo" rendeu bem menos do que o esperado. Talvez vá em busca de outra tradução, uma versão mais alternativa, para ver se me agrada um pouco mais. Até então, é apenas isso.
Fico triste por não ter gostado de uma obra sua, Edgar. Mas tenho certeza que amarei muitas outras.