R...... 09/03/2015
A obra faz uma releitura das narrativas sobre Hades e Perséfones, casal da mitologia grega que dominava o mundo dos mortos. É uma HQ que se desenvolve de forma curiosa, colocando o leitor como um visitante desse submundo (morto e não participante), permitindo a visualização e compreensão de vários mitos. Muitos deles apresentados com sutileza, enriquecendo a narrativa e, evidentemente, com uma nota explicativa (as sereias, por exemplo, têm sua origem mostrada; como também o costume dos antigos de colocar uma moeda na boca dos mortos, e assim, etc e tal).
A abordagem ocorre de forma amena (sem a violência degradante descrita na mitologia), sugerindo uma sombria estória de amor (gótica). Hades é um esquisitão solitário e Perséfones uma jovem inquieta, buscando independência e identidade sem a presença incisiva da mãe Deméter (deusa da colheita). Ressalta-se que o mito sobre esse casal não era muito explorado (popular) na mitologia, havendo assim poucas referências. Motivação para a liberdade poética do autor, que parece encaminhar também para uma abordagem com influência espírita (ou, quem sabe, não teria sido o contrário...)
Assim percebi a obra, cujo tema (mitologia) desperta sempre minha curiosidade. Entre outras coisas, pela forma engraçada, irônica e até bizarra de uma determinada visão de mundo. Influenciadora de toda uma geração e de muitas páginas na história.