spoiler visualizarCelso Filho 11/01/2023
Eu senti um entrave por conta do estio de narrativa. Depois do ótimo começo em que vai sendo introduzi o Kohlhaas (quem é, até que ponto leva seu sistema ético-moral, como se degenerou), começa uma narrativa um pouco desconexa e confusa, fiquei até na dúvida, mas pelo que vi era intencional mesmo.
O que eu gostei é que a gente realmente tem uma história de vingança em que o personagem segue até as últimas consequências, mesmo que isso leve ao fim da sua própria vida, o que literalmente é o que acontece. Quando eu comparo com algo como o Dantès, aqui é uma personagem que não chega nem a ser um anti-herói (nem colocaria como vilão também, já que não cabe bem aqui colocar essa dualidade bem x mal), mas que não tem limites. E é nessa linha que eu vou pensando no livro e lembro que foi escrito em 1810, então tem muita coisa aqui que é bem à frente do seu tempo.
Lembrando que ele não é um personagem essencialmente "sofrido", é um vendedor de cavalos de sucesso que sofre um pequeno dano financeiro e consegue captar as dores de um número enorme de camponeses que tomam as dores dele e vão atrás de justiça, sem nem existir uma intenção de reformulação da sociedade vigente. E muito do que segue é diretamente culpa dele também; sem esse investimento, até hoje ele teria sua vida, a da sua mulher, manteria as terras sem grandes dificuldades e poderia continuar criando a filha. Mas depois do ponto em que a mulher é ferida já não tem muito espaço para voltar atrás não.
Agora todo aquele plot point da cigana surge meio que "do nada" na história e, apesar de gerar um final impactante que é aquele no momento da decaptação (fora o desenvolvimento de toda a história que envolve ir atrás dessa profecia), acho que nem precisava ter sido acrescentado. Dava para desenvolver de outra forma.
Assisti ao filme também, mas não achei tão bom quanto o livro. Serve mais de complemento. É uma adaptação mais livre.