jota 04/12/2014Homens e animaisArbitrariedades e injustiças rendem ótimos livros (também filmes e peças), caso deste Michael Kohlhaas, a história de um comerciante de cavalos envolvido numa tremenda enrascada.
Com o agravante de que não se trata simplesmente de ficção, pois a trama contada por Heinrich von Kleist (1777-1811) se baseia em uma história real do século XVI, quando a Alemanha ainda não era unificada, o que ocorreu apenas em 1871.
É claro que o tempo todo você toma o partido do comerciante humilhado por um arbitrário e insolente nobre alemão. O Estado falho e corrupto (durante a leitura é impossível não pensar em certo país sul-americano), que humilha o cidadão e não reconhece seus direitos, faz com que se torça por Kohlhaas mesmo quando ele emprega a violência e comete vários crimes.
Afinal de contas, quando não se tem justiça – ou se ela se torna lenta demais - fica mais fácil apelar para a vingança, ainda que isso também seja condenável, tanto na Alemanha medieval quanto agora, não? É mais ou menos assim que o personagem pensa. Não apenas ele...
Não temos exatamente um romance aqui e sim uma novela – são cerca de uma centena e meia de páginas apenas –, que se lê rapidamente. Von Kleist é bastante econômico ao contar os infortúnios de Kohlhaas, sempre de modo a manter o interesse do leitor em alta e prometendo mesmo algum suspense para o final. Não se boceja nem um pouco durante a leitura de Michael Kohlhaas, isso é certo.
Lido entre 01 e 04/12/2014.