spoiler visualizarLuísa 26/02/2024
O que aconteceu aqui?
Ando com vontade de cometer uns crimes...
"Memorial de Aires" é o último livro de Machado de Assis, finalizando uma vida de pura obra prima. Essa foi a primeira vez que li um livro do autor, que tenha sido escrito em forma de diário, sem a típica separação por capítulos. O que, por incrível que me pareça, funcionou para mim. Talvez até melhor do que o modo tradicional.
O livro é narrado como o "diário" de Marcondes de Aires, um diplomata viúvo e solitário, que decide escrever sobre si mesmo e sobre o casal Aguiar e seus "filhos postiços", Tristão e Fidélia
Ao longo da narrativa, seguimos a vida não só do protagonista, como também de Rita, a irmã, também viúva, do protagonista e do casal Aguiar e seus dois filhos.
Acredito que essa tenha sido a primeira vez que li um livro do autor, narrado de forma onisciente. Pela primeira vez, vi os personagens de uma forma parcial e gostei de como isso funcionou.
Como um típico retrato da velhice, o casal Aguiar é feliz, mas sente falta dos filhos, compensando
através da figura de Fidélia e do afilhado Tristão.
O protagonista, conselheiro Aires, também não foge muito dessa perspectiva, já que para fugir da vida monótona decide desposar Fidélia, apostando com a irmã, que tinha certeza que a viúva jamais se casaria novamente.
Inicialmente, o personagem de Tristão não é muito presente na história, já que ele está viajando com os pais para completar a faculdade de medicina. Mas logo anuncia sua volta ao Brasil, onde se apaixona e se casa com Fidélia, fazendo com que o conselheiro abandone o desejo de desposar a moça.
No fim, os recém casados vão para Europa, deixando o casal Aguiar solitário mais uma vez. Percebendo não ser muito diferente deles, nos últimos momentos, o conselheiro decide aceitar sua velhice, e se unir a eles...
De todos os livros escritos por Machado de Assis que li, esse foi sem dúvida o que menos me prendeu, principalmente à medida que chegava ao fim. Uma das poucas coisas que me prenderam no final, foi a escrita do autor (como sempre impecável) e o romance, na minha opinião surpreendente, de Tristão e Fidélia. Cheguei a até sentir pena do protagonista, porque eu realmente estava esperando que ele ficasse com a viúva no final. Senti falta do sarcasmo típico do autor e de algumas características já tão presentes nas obras anteriores. O início do livro foi, para mim, mais dinâmico e intrigante do que o fim em si, o que pode ter me desanimado um pouco
Confesso que se não fosse por esse início fantástico, eu teria pensado em dar três estrelas para o livro, mas acho que seria um crime...
Uma das minhas coisas favoritas do livro foi sem dúvida a dinâmica tipo diário. Espero ler mais livros assim