MiCandeloro 20/06/2015
Didático, porém insuficiente!
Depois de escrever o livro Crianças francesas não fazem manha, Pamela Druckerman começou a receber diversas mensagens de pais e mães que leram a sua obra. Muitos agradeceram pelas dicas dadas, dizendo que começaram a pôr em prática e que funcionaram, enquanto outros não gostaram das críticas que foram feitas à educação infantil praticada nos Estados Unidos e no Brasil, sentindo-se ofendidos com os comparativos traçados entre os franceses e os demais.
A intenção de Pamela nunca foi julgar como cada um cria o seu filho, ao contrário, a autora quis ajudar a descobrir soluções para problemas que ela mesma estava tendo em casa com Bean, e que também afligem a maioria das mães de primeira viagem.
Após se mudar para Paris, Pamela percebeu o quanto as crianças francesas eram educadas e as mães mais tranquilas e felizes. Ao conversar com amigas e vizinhas, descobriu que desde pequenas dormiam a noite toda, comiam todo o tipo de comida e na hora certa, e respeitavam os mais velhos. O que os franceses faziam de diferente para terem filhos tão polidos, autônomos e criativos?
Pamela, como boa jornalista que é, decidiu investigar, e o resultado de sua pesquisa foi apresentado em Crianças francesas não fazem manha. A questão é que este livro acabou se tornando muito mais um registro de memórias, desabafos e relatos pessoais do que um manual em si, desagradando a muitos leitores que pediam por uma obra mais concisa.
Pensando neles, Pamela escreveu Crianças francesas dia a dia, que nada mais é do que um resumo de Crianças francesas não fazem manha, feito de maneira mais pontual e didática, abordando apenas as técnicas que aprendeu com as mães e especialistas franceses ao longo dos anos.
Crianças francesas dia a dia é perfeito para consultas rápidas, mas, na minha opinião, não cumpriu a sua função. Na tentativa de ser direta, Pamela tornou seu texto técnico, raso e frio demais, perdendo todos os atrativos que tinha no exemplar anterior.
Apenas quem leu Crianças francesas não fazem manha é que saberá cada história que existe por trás dos conselhos dados por Pamela e de como ela chegou à conclusão deles. Sou uma pessoa que não se satisfaz com apenas um ponto de vista, preciso compreender como se deu o resultado de cada premissa, até para poder formar a minha própria opinião e, foi justamente isso, que me cativou no primeiro volume, quando Pamela debateu conosco todas as teorias que descobriu a respeito das inúmeras formas de se educar uma criança, nos fazendo entender a lógica existente por trás do jeito francês de ser.
Tenho receio de que os pais que lerem apenas Crianças francesas dia a dia, pensem que os argumentos levantados pela autora sejam inquestionáveis, algo que estão longe de ser. Sem contar o fato de que muitos não vão compreender a fundo as técnicas da Pausa, os ciclos de sono, o conceito do Cadre, dentre muitas outras coisas ditas pela Pamela, simplesmente por não terem lido Crianças francesas não fazem manha.
Portanto, o que recomendo é o seguinte: leiam primeiro o livro Crianças francesas não fazem manha. Depois, se tiverem dúvidas sobre alguma técnica abordada ou quiserem se relembrar de alguma lição dada pela autora, leiam Crianças francesas dia a dia, que, nesse sentido, virá muito a calhar.
Leiam aqui a resenha de Crianças francesas não fazem manha: http://diariodeumagravidabariatrica.blogspot.com.br/2015/05/resenha-livro-criancas-francesas-nao-fazem-manha.html
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