Mateus Sant'Ana 03/11/2023
Muito interessado pelo marxismo que vem ganhando seu espaço na internet nos últimos anos, comecei a perceber que este parecia ter dificuldade em resolver alguns problemas que se mostraram graves ao longo do século XX e nas experiências socialistas. Com isso em mente, decidi ler esse texto do Bakunin que estava na minha estante há anos. De fato, o livro é um bom resumo do pensamento do autor e do anarquismo em geral, principalmente em relação aos dois elementos citados no título. Para Bakunin, ambos são inseparáveis. Até aí, não há grande diferença entre o pensamento de Lenin, por exemplo. O destaque porém se encontra quando ele fala sobre a ciência e seu papel em um estado tomado por elite dita científica. Aqui vemos a grande cisão no campo revolucionário, e é interessante pensar que, mesmo muitas décadas antes das grandes revoluções marxistas, Bakunin já previa algumas questões que se apresentariam no processo de manutenção do estado promovido por essas revoluções. Creio que o anarquismo, embora esteja longe de ser dominante entre aqueles que se dizem revolucionários, ainda tem muito o que contribuir no que toca a análise desses fenômenos para a construção de experiências futuras.
Senti falta, porém, de uma crítica maior ao sistema capitalista. Bakunin critica a burguesia, sua religião e sua filosofia, mas pouco fala sobre o capital em si, fazendo parecer, em alguns momentos, que seu verdadeiro inimigo é de fato Deus e o Estado. O fato de o manuscrito original estar incompleto talvez justifique essa falta, mas a ausência de uma crítica mais severa ao capital se sente em um momento em que aberrações com o tal "anarco-capitalismo" se propõe enquanto política.