Manu 23/06/2015
Um tapa por O chamado do Cuco e O bicho-da-seda
Além de terror e um drama desses bem puxados pra desgraça, adoro literatura policial. Livros da Agatha Christie e Sidney Sheldon, por exemplo, estão na minha lista de favoritos. Dentre autores atuais, não acompanho o trabalho de nenhum especificamente, apenas leio o que tá abalando as estruturas das livrarias em geral; mas resolvi que irei seguir a série de histórias de Robert Galbraith por dois motivos simples: 1) os personagens são muito cativantes e 2) na verdade, Galbraith é o pseudônimo de JK Rowling, autora da saga Harry Potter.
Em O chamado do Cuco, conhecemos o protagonista Cormoran Strike, um sujeito de nome engraçado e ex-soldado combatente no Afeganistão que virou detetive particular. Fodido na vida, sem um puto no bolso, ele passa os dias lamentando internamente o fim do relacionamento com sua ex linda e excêntrica e a falta de uma de suas pernas, perdida durante a guerra. Mas Strike vê que sua vida e carreira podem começar a mudar com a entrada do caso do suposto suicídio de uma modelo famosa chamada Lula Landry.
Para ajudá-lo com a rotina do minúsculo escritório, Strike contrata como secretária a simpática Robin (Batman e Robin, AHÃ-AHÃ-AHÃ), que passa boa parte das tramas tentando disfarçar seu real interesse por investigações policiais. Na verdade, mais do que atender ligações e preparar o chá das cinco, Robin acha que pode ter contribuições importantes para os andamentos dos casos.
Uma coisa que eu gosto muito na Rowling é a forma como ela desenvolve as personagens: sem pressa, deixando-as se mostrarem por meio das situações que vão acontecendo, contando como seu passado influencia em suas ações. Strike, por exemplo, além de obviamente perspicaz é rabugento, sério, ligeiramente mal humorado e, ainda assim, extremamente carismático. Robin não fica atrás, sendo uma mistura de, talvez, assim, meio longe, Luna Lovegood e Hermione.
No primeiro livro, acompanhamos a jornada de entrevistas e especulações que Strike faz para tentar entender o que aconteceu com Lula Landry, encontrada no chão em frente ao seu condomínio – depois de se jogar ou ser atirada do andar onde morava. Enquanto corremos junto para encaixar as pecinhas, somos introduzidos ao "submundo" das top models, do dinheiro, das celebridades e suas drogas.
Em O bicho-da-seda, a história se passa algum tempo depois do fim do caso Lula Landry. Strike, mais estabelecido na vida (tá, só um pouco), é contratado para solucionar o desaparecimento de um escritor chamado Owen Quine, conhecido por seu temperamento difícil. Tudo parece relativamente simples, quando o detetive descobre que o cara na verdade foi assassinado de maneira brutal e bizarra da mesma forma que o personagem principal de seu último livro. Eita, Giovana!
Em ambos os livros, Rowling (dsclp Galbraith) desenvolve uma resolução lenta do mistério, com muito trabalho de investigação e uma pista aqui e outra ali, o que pode desagradar alguns. Até porque, embora sejamos cúmplices de tudo o que Strike e Robin veem, a solução nunca é compartilhada conosco – obrigando-nos a esperar que ao final Strike revele a conclusão dos crimes com os envolvidos presentes.
Houve alguns momentos Deus ex machina que me incomodaram, mas nada que tirasse os méritos dos enredos, que são divertidos, intrigantes e envolvem o leitor. Portanto, ficarei muito contente de poder ler o próximo da série, quando for lançado (sabe-se lá quando).
site: http://www.vemaquirapidao.com/2015/05/o-chamado-do-cuco-e-o-bicho-da-seda.html