Meridiano de sangue (Ebook)

Meridiano de sangue (Ebook) Cormac McCarthy




Resenhas - Meridiano de Sangue


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EduardoLSVD 14/08/2024

Meridiano de Sangue
Esse é um livro igualmente sobre a brutalidade do grupo e a beleza e poder da bondade do ser sem contar o favorecimento do indivíduo pois o Kid pode ser ambos uma criatura brutal e nojenta ou uma criança assustada diante a um dos piores momentos da história humana e a brutalidade expõe e bota no chão e abre as pernas e te força a encarar a versão estereotipada do cowboy americano como as melhores obras japonesas fazem com o samurai.
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pete_7 28/07/2024

Atire no mal, senão seu destino já está escrito
Provavelmente, um dos livros mais assombrosos, cínicos e miseráveis que alguém pode ler. Eu não me assusto muito com leituras pesadas, mas essa daqui me arrematou para as margens da humanidade.
Deve ser uma das piores coisas que já li. Mas com certeza me fez pensar muito.
Só podia ter saído da cabeça de um americano.
Confuso, cínico, não é leitura fácil, muito embora não seja tão difícil quanto Faulkner (comparação esdrúxula).
HotGirlReading 29/07/2024minha estante
Medo de ler esse livro.


pete_7 30/07/2024minha estante
Não sei como te responder aqui, mas talvez você gostasse. Mas é uma leitura miserável mesmo KKKKKKKK E achei você muito cheia de luz, você não merece isso




25/07/2024

Cruel e Devastador
Meridiano de Sangue não é um livro para pessoas sensíveis, já digo isso. Ele retrata a crueldade que banhava as terras dos EUA no século 19, nos estados que compunham o Velho Oeste. Com personagens cativantes e uma escrita que te faz se sentir diretamente nos desertos escaldantes. Os pontos negativos são a tortuosa forma como o autor precisa descrever tudo como se fosse Shakespeare e a falta de vírgulas na edição desse livro. De resto, estou impressionada.
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conti_reading 18/07/2024

Incrivelmente desgastante
Incrivelmente desgastante

Que livro desgaste de ler na minha opinião, sério. Não tenho esse costume ruim de abandonar livros, eu juro que tentei até o final para ver se iria melhorar, mas não. Tenho que ressaltar vários pontos do porquê esse livro PARA MIM é desgastante:

1- É extremamente difícil ler esse livro pelo fato do autor simplesmente não marcar os diálogos, ser extremamente bagunçado na escrita e os assuntos do enredo ser simplesmente jogado na sua cara sem mais e sem menos.

2- A irritação tremenda que fiquei com esse livro do fato do autor parecer simplesmente uma criança de 8 anos escrevendo um texto. Está duvidando ou me achando rude ? Vou deixar um trecho do livro aqui e tire suas conclusões. Obs: isso não acontece exclusivamente em certos trechos em ocasiões especiais, é o TEMPO TODO ! Note a quantidade absurdas de "e" sem vírgula, sem nada, parece que te falta folego para ler: "Cruzaram a frente do sol e evaporaram um a um para então reaparecer e eram negros sob o sol e cavalgavam através daquele mar evaporado como fantasmas estorricados com as patas dos animais pisoteando e agitando a espuma que não era real e se perderam sob o sol e se perderam no lago e tremeluziram e se agruparam em um borrão para então dispersar novamente e cresceram plano a plano em lúridos avatares e começaram a se amalgamar e então começou a aparecer acima deles no céu puncionado pela aurora um símile infernal de suas hordas cavalgando em fileiras gigantescas e invertidas e as patas dos cavalos incrivelmente alongadas pisoteando os cirros finos e elevados e os ululantes antiguerreiros pendendo de suas montarias imensos e quiméricos e os gritos altos e selvagens repercutindo através daquela bacia achatada e estéril como os gritos de almas invadindo por algum rasgo no tecido das coisas o mundo inferior."

3- A complicação desnecessárias em palavras datadas com um simples corte ou trocar a palavra faz o livro soar parecendo que está lendo um dicionário. Palavras extremamente desnecessárias com um significado cotidiano muito mais simples poderiam ser implementadas (e sem repetição). Parece que o autor faz deliberadamente para complicar. Estou lendo um romance, não um artigo científico ou uma tese de filosofia (não que romances não possam ter palavras complicadas para explicar algo, mas nesse caso, é constante, a todo momento e extravagante a quantidade de palavras antiquadas para explicar algo simples.)

Enfim, são esses meus pontos que tenho que me fizeram abandonar o livro. Nunca mais irei tocar nessa obra ou se voltar a ler, com toda certeza não irá ser tão cedo.
Padrim 20/08/2024minha estante
Esse trecho que você destacou é lindo de se ler, pra mim. Mesmo que não seja uma decisão estética, e sim talvez uma "deficiência na ortografia", passa uma sensação asfixiante que se mantém durante o livro. Dá um ritmo acelerado.
Isso sem contar a qualidade do conteúdo em si, com as analogias.

O autor não é burro também, ele deve saber como usar vírgula e conectivos (julgando pelo vocabulário). Se não usou, é propósital.




spoiler visualizar
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luke - among the living. 10/07/2024

Cormac McCarthy descreve um oeste sangrento repleto de poesia visual: é muito doido ficar imaginando as paisagens descritas pelo autor e por onde ele nos irá levar.

É um livro que exige dedicação, pois a economia de palavras exige que coloquemos nossa mente em teste. As reflexões apresentadas nos fazem divagar e pensar sobre diversos assuntos. O juiz e o "kid" são personagens bem intrigantes.

Não existem heróis aqui. E isso torna toda a história bem mais interessante.
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Soylent Green 08/07/2024

?Mesmo neste mundo mais coisas existem sem nosso conhecimento do que com ele e a ordem que vocês enxergam na criação é a que vocês mesmos puseram ali, como um fio em um labirinto, de modo a não se perder do caminho. Pois a existência tem sua própria ordem e esta nenhuma mente humana pode abarcar, sendo a própria mente apenas mais um fato entre outros.?
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Vanessa.Oliveira 04/07/2024

Achei o livro bem denso, demorei bastante pra ler. Não é uma leitura fluída.
Dá a impressão que é só gente morrendo e sofrendo, sem propósito algum.
É minha primeira vez com esse autor, não sei se leria de novo pra tentar entender melhor ou se leria outro livro dele.
Li até o final já que não gosto de abandonar.
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Fagundes 24/06/2024

Melhor livro de velho oeste
Incrível como o livro vai da calmaria a brutal violência com uma página.
Tudo é árduo, violento e terrivel
História muito boa
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Pedro M. 97 16/06/2024

“Ele dança, e dança. Ele nunca dorme. Ele diz que nunca vai morrer”.
Eu demorei seis meses para terminar esse livro e com tantas ideias cozinhando na cabeça durante todo esse tempo, sinto que preciso dividi-las em algumas partes.

1) Narrativa e questões literárias
Resumão da história sem spoilers: Na época dos EUA pré-guerra de Secessão (por volta de 1820-1840), somos apresentados logo no primeiro capítulo a um garoto sem nome, sem família, e jogado no mundo a própria sorte. Durante os meados de sua adolescência, o garoto acaba entrando para uma gangue cujo único objetivo é viajar pelo território do norte do México para massacrar e coletar os escalpos de membros dos povos indígenas, especialmente de Comanches. Apesar de ser um western, a narrativa já se diferencia logo nas primeiras páginas por sua inescrupulosa descrição de violência e brutalidade
.
Apesar de parecer linear, em muitos trechos a história é bastante ambígua graças ao estilo de escrita de McCarthy, já que ele abandona a escrita prolixa em troca de uma mais simples e “corrida”, quase nunca usando vírgulas ou até travessões para indicar as falas. Pessoalmente tive dificuldades, principalmente no começo, acho que o texto fica difícil de ler por longos períodos, e os diálogos bem confusos em certos momentos. Fora isso, acho que a linguagem mais simples combina bastante com a ambientação.

Uma coisa legal é que em muitas partes a história parece se misturar com elementos sobrenaturais bastante sutis e nada é explicado. Tem capítulos onde reina a sensação dos personagens estarem se afundando cada vez mais num abismo infernal de loucura, não tem como saber se certas coisas são reais ou apenas alucinações.

Isso é representando de uma maneira bastante genial no personagem do Juiz Holden, sem dúvidas o mais emblemático e conhecido da obra, isso porque nunca fica evidente se ele é de fato uma pessoa, um demônio, uma entidade ou algo completamente desconhecido.
Mas no geral, a leitura é maçante e nada prazerosa, especialmente por tratar de temas bastante pesados. Por exemplo, eu sentia que ler mais de um capítulo por dia não me fazia muito bem, afinal, ter contato demais com descrições escritas de todo o tipo de violência extrema é complicado.

2) Arte brutal e história

Eu já vi muitas opiniões sobre o Meridiano de Sangue. Muitas delas dizem que violência retratada aqui é exagerada e gratuita, que é impossível gostar dos personagens porque são em boa parte sádicos e degenerados, e que a leitura, ao invés de divertida ou prazerosa, só te deixa com a sensação de nojo, asco, repulsa, entre outros sentimentos de natureza semelhante.

Bom, primeiramente, arte não é sinônimo de entretenimento. É claro, uma obra de arte, em qualquer mídia, pode entreter, mas o seu objetivo final não é esse, isto é, sequer se arte em si possui algum objetivo senão sua própria existência. Sem entrar nos pormenores da infindável discussão de “o que realmente é arte”, livros, quadros, teatros, filmes, séries, quadrinhos, jogos, músicas, danças, todas elas possuem o potencial de nos transmitir as mais diversas emoções e sentimentos, sejam elas de felicidade, tristeza, medo, angústia, melancolia, raiva, repulsa, etc.

No caso de Meridiano de Sangue, entretanto, pode-se argumentar que o emprego de uma violência inescrupulosa e indiscriminada tenha somente a intenção de causar essas sensações, mas acredito que neste caso existe um elemento importante: Apesar de ser uma ficção, o livro é amplamente baseado no genocídio dos nativos norte-americanos e na violência colonial dos EUA sobre eles e a população mexicana no Séc XIX.

Os fatos aqui narrados não ocorreram dessa forma, mas McCarthy se preocupa mais detalhar o método como as coisas eram feitas, especialmente os massacres, a violência sexual e todo tipo de desgraça que se pode imaginar. E acredite, é até difícil de imaginar por si só algumas coisas que acontecem nesse livro, uma vez que ninguém é poupado da imensa brutalidade, inclusive crianças e até bebês.

Em contraste com a maioria dos filmes e HQs clássicas de Western que retratam as expedições estadunidenses de expansão ao oeste e massacre dos povos nativos com um certo heroísmo nacional e com uma violência bastante “lavada”, a brutalidade da violência colonial em Meridiano de Sangue é descrita da forma mais crua e nojenta possível, e eu sinceramente não sinto que isso tenha sido apenas por valor de choque, mas para construir um universo que, mesmo com sua história e elementos fictícios, seja um pouco mais fiel com a realidade daquelas pessoas, naqueles lugares, naquele ponto da história.

Apesar disso, o livro não pode ser tomado como um documento de estudo histórico e acadêmico, mas isso não tira dele sua importância dentro do gênero e da literatura estadunidense contemporânea, principalmente por esse retrato cru da violência colonial que foi perpetrada principalmente pelos europeus até meados do séc XIX.
Como diz o historiador Aimé Césaire, antes do próprio Hitler, a África já havia conhecido muitos “Hitlers”.

Por fim, uma obra que tem a sua inquestionável importância, mas que eu não recomendaria para grande maioria esmagadora das pessoas que eu conheço justamente pelas temáticas e pela violência, não são todos que gostam ou suportam ler esse tipo de material.
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Natasha 05/06/2024

?
É escrito muito bem e quando leio sinto até o calor do deserto, mas não é o meu estilo de narrativa.
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gsliita 02/06/2024

Esse livro tem uma leitura muito difícil, e eu enrolei bastante para terminar de ler. Comecei em março e só terminei agora, porque a leitura é muito pesada e cansativa,mas valeu a pena, pois eu amo as obras do Cormac e o tema que ele mais aborda, que é o Velho Oeste e suas histórias marcantes.
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Morden Leavin 24/05/2024

A Loucura de um Mundo sem Lei
A sensação que tive foi alucinógena o livro inteiro. Mesmo o livro tendo um ritmo lento me senti preso e com o coração pulsando violentamente como se estivesse assistindo a um filme de ação, as cenas grotescas e a violência animalesca me fizeram temer o cenário do livro que apesar de ser real, soava para mim como uma camada do inferno ainda não nomeada e cuja a qual apenas os mais crueis e inescrupulosos dos homens teriam coragem de explorar.

O turbilhão de emoções que senti através dessas páginas me fez experimentar a confusão ao passo que não conseguia me decidir se o protagonista era bom ou mal ou se os antagonistas podiam sequer se julgados por seus atos.

O Juiz Holden é provavelmente uma das figuras mais amedrontadoras que já tive o prazer de acompanhar, seu humor sádico e sua implacabilidade diante dos mais brutais e repugnantes atos passaram a mim uma sensação de distância do personagem desde o começo, como se desde sua primeira aparição eu pudesse sentir a falta de humanidade de tal criatura. De fato um dos livros mais estranhos que já tive o prazer de ler
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Luiz.Machado 22/05/2024

Um épico americano, trazendo do início ao fim a violência pela violência, demonstrando que na grande maioria das vezes como o homem é corrompido pela sociedade da qual faz parte.
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hanul_ 10/05/2024

"Eu vou matar um 🤬 #$%!& se eu não achar as minhas botas"

Meridiano de Sangue foi meu primeiro contato com a escrita e literatura do Cormac Mccarthy e, assim como todos que viraram e são até hoje meus autores favoritos, eu quero ler outras de suas obras desde o primeiro parágrafo que li deste livro.
Quando comecei a escrever essas palavras eu nem havia terminado a leitura ainda, mas eu sabia que para tecer um comentário decente (e eu queria muito fazê-lo), eu não poderia esperar o livro acabar pra acabar pois, desde que ingressei nos úlitmos capitulos, sabia que algo terrivelmente grandioso estava para acontecer.

Bem, eu sou uma grande fã de faroeste, não tenho o direito de mentir. Não apenas do western estadunidense, mas de tudo o que circula esse gênero - como alguns filmes do Glauber Rocha. Então, eu achei recomendações desse livro, justamente enquanto buscava por títulos com essa temática e, como a fã de carteirinha que sou, desde a sinopse a leitura já me parecia promissora. O fato é, eu tinha grandes expectativas com essa leitura e todas elas, não apenas foram alcançadas, como superadas, inclusive, acho agora que eu estava é esperando muito pouco do que Mccarthy conseguia fazer com ás palavras.

Eu estou, pessoalmente, em uma época complicada da vida, tendando dar conta de trabalho e faculdade e todo o universo de coisas que se incluem nessas duas, isso, juntamente com o fato da escrita do autor em si (que falarei mais a adiante) tornaram essa uma leitura longa. Eu não me lembro de ter demorado tanto tempo para ler um livro, os Irmãos Karámazov, por exemplo, li em pouco menos de um mês e com uma rotina mais ou menos no mesmo ritmo.

Porém, toda essa dificuldade se deu ao fato de que (e eu acho que é importante falar disso primeiro): Meridiano de Sangue é uma das leituras mais brutais que eu já tive e, honestamente, pensar que algo possa ultrapassar isso aqui eu considaria preocupante. Vou dizer que, no que diz respeito aos livros, eu realmente nunca tive muitas leituras violentas e sanguinárias, mas esse tipo de coisa nunca me incomodou no geral, pelo contrário, eu sou uma fã terrivel de filmes de terror, aqueles bem toscos de fato, com um assassino perseguindo as pessoas mais burras que você já viu na Terra e matando elas de forma gráfica. Isso não me afeta. Contudo, em todo (todo mesmo) capítulo deste livro, eu precisa parar, respirar, fechar um pouco as páginas, olhar em volta... sair daquela cena, daquele momento, perceber novamente que eu estava sentada, lendo, e não no meio do oeste americano vivenciando aquelas brutalidades ao vivo e a cores.
Veja, ninguém escapa impune daqui e você, enquanto leitor, acompanha por cerca de 350 páginas ás pessoas cometendo todo tipo de barbaridade contra todos. Animais, crianças, idosos, bebês... todo mundo. E você se pergunta "por que isso?" e a resposta é "a troco de nada mesmo". O mundo é cruel, acostume-se com isso.

Mas entenda, não é apenas a questão das cenas "gráficas". Se o livro fosse um amontoado de "e fulano perdeu a cabeça", "arrancaram a perna dele fora" isso não me incomodaria. A questão é que, a escrita do Mccarthy te guia por essa violência tão brutal, tão sanguinolenta e tão cínica, como se você estivesse ali, vendo tudo aquilo na sua frente. Os parágrafos são uma mescla atroz de todo tipo de horror que um ser humano pode provocar a outrem e, a cada linha que você lê, fica pior, o estômago revira mais e o desconforto aumenta.
Isso, desconforto. Que leitura desconfortável. Os Santos estão no céu e aqui, na melhor das hipóteses, você tem aquele que é menos violento, se der sorte, ele é "apenas" omisso.
Existem aqui, passagens que eu quase senti no meu nariz o cheiro de sangue e o cheiro de pólvora. Tudo é tão imersivo, tudo é tão real, tudo é tão concreto que parece um sonho febril maluco, como se cuidado! O próximo a tomar um tiro nessa confusão vai ser você.

Só que, acho que o pior mesmo é essa brutalidade cínica e nilista que Meridiano de Sangue não tem vergonha nenhuma de esconder. Pode ser durante ou depois, mas após uma cena sanguinária, Mccarthy não tem medo de nenhum de jogar sal na nossa ferida e gritar que aquilo tudo é só outro momento do dia. Aquilo é o oeste americano, você esperava o que? É como se o pior fosse, após tantas atrocidades, perceber que, no fundo, a terra daqueles desertos vai cobrir o sangue, que os ventos vão levar as cinzas das casas, que os animais vão brigar com os vermes pelos restos que sobraram e que, algum dia, os ossos desconhecidos serão avistados por viajantes desavisados ou até piores do que aqueles que ali pereceram. É como se fosse um ciclo eterno de brutalidade. Veja, em uma das passagens do livro, um dos homens, literalmente, joga fogo em outro. Qual o motivo daquilo? Qual a razão? Bem, ele queria. O mundo é violento, logo, ás pessoas são também. É febril ver como as personagens lidam com tanto sangue derramado, com tanta profanação... como se fosse normal. São inumeras cenas que os viajantes se deparam no oeste, desde os restos mortais de humanos e animais, até ás cenas mais bizarras, como se fossem retiradas diretamente de algum filme de terror que envolve seitas e rituais diabólicos. Talvez, se envolvesse seitas e rituais, fosse mais aceitavel, pois ai, ao menos, haveria alguma razão por trás disso e não apenas a sanguinolência. E, entenda, não estamos acompanhando as vitimas, estamos cavalgando junto dos agressores, as maiores brutalidades aqui lidas, são perpetradas pelo grupo protagonista da história. Para eles é normal... eles apenas seguem.

Mas afinal, se tudo é tão terrivel e horroso por que alguem leria isso? "tem certerza que você gostou dessa história?", eu posso dizer que esse, sem dúvida, é um dos meus livros favoritos, contudo, não posso mentir e dizer que seja uma leitura fácil, que todos vão aproveitar. Eu entendo que, talvez, certas pessoas jamais leiam esse livro por problemas reais em lidar com a violência. Porém, novamente, ser uma leitura desconfortavel, não a torna ruim, muito pelo contrário, certos tipos de provocação feitos pelo autor e seus personagens, só provocam o impacto que tem (de te fazer pensar neles por horas a fio) graças a esse incomodo.

Além do mais, eu preciso dizer que, é possivel sim sentir simpatia pelo nosso protagonista de fato. O menino não tem nome (e ele não é um menino de verdade, ele tem 19 anos) mas, sempre é referido como "o menino".Ele é uma pecinha muito pequena nessa engrenagem de crueldade e, para o nosso próprio bem estar, ele parece ser uma das únicas 3 pessoas dessa histórica que não vão matar alguem por causa de um olhar torto na rua. Arrumar briga e trocar socos? Com certeza! Mas matar não.
Ainda que no fundo, uma morte a mais ou menos, honestamente, não faz diferença.

E, me deixe ser justa, se a escrita de Mccarthy é boa pro horror e sanguinolência, também é boa para fazer o leitor embarcar nessa viagem quase psicodélica de maneira magistral. Enquanto o grupo de viajantes caminha pelo deserto, pelas noites geladas, existem passagens da descrição árida que são tão, mais tão bonitas, que quase nos fazem crer que aquele mundo não é tão cruel quanto parece. Não bastasse tal maestria na condução das palavras, não raramente, a poesia e a brutalidade se misturam e se confundem na descrição dos lugares e dos acontecimentos, causando ao leitor uma sensação tão pura de estar em um mundo tão real, que parece fantasioso.

A noção de realidade, imaginação, real e sobrenatural, divino e profano estão constantemente misturadas entre o sangue e a sujeira do oeste nesse meridiano brutal.
A crueldade do mundo é tanta, que todo e qualquer ato que não seja fundado em vontades perversas de crueldade é digno de glória, mas também de pesares, pois, no imenso deserto fo oeste quem se permite reservar um pedaço da alma para ter piedade dos outros, quase sempre encontra um destino tão cruel quanto os sanguinolentos.

Em linhas gerais eu digo que, o ls últimos capítulos desse livro são o seu apogeu no meu humilde ponto de vista. A tensão construída ao longo de toda a narrativa encontra-se borbulhante no final, como um animal selvagem indomável que pode, a cada linha, ter uma atitude cruel e impensada, resultando em finais tão trágicos quanto pode conceber a humilde mente humana.
Destaco o final do capítulo 23. Não é uma cena de violência, é algo tão genuino que me fez querer chorar.
Que livro cruel!

Enfim
Para aqueles que, assim como eu, vão testar o limite do próprio estômago e se aventurar por esse cenário infernal. Desejo-lhes boa sorte! É uma viagem só de ida, a um destino incerto e cujas marcas retumbarão em nossas almas, talvez, para sempre.

"Ele diz que ele nunca dorme. Ele está dançando. Ele diz que nunca morrerá"
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