Gustavo Rafhael 18/08/2022Esta não é uma obra de ficção"Por mais estranhos ou macabros que alguns incidentes pareçam, esta não é uma obra de ficção." Erik Larson
Se você for ler o livro, verá esse aviso em uma nota, que precede o prólogo, onde o autor faz questão de deixar claro que não sua obra não é bem um romance histórico. Apesar de haverem alguns momentos onde ele supõe como algo aconteceu, por não ter nenhum registro do fato, como nos momentos em que H H Holmes comete seus assassinatos, o livro é quase que totalmente documental. Um trabalho magnifico, vale frisar.
Nas pouco mais de 440 páginas é possível conhecer, dentre vários outros personagens geniais e interessantes, o arquiteto Daniel H. Burnham e o considerado primeiro serial killer dos EUA H. H. Holmes, que coincidentemente viveram e tiveram ligação com a Chicago dos fins do século XIX e a sua grandiosa Feira Mundial.
Eu adorei essa livro, ele estava encalhado na minha estante sem nenhuma previsão de leitura, porém fiquei sabendo que ele será adaptado para uma série (com o Keanu Reeves, inclusive) e logo me interessei por colocá-lo na fila. Agora ao concluir estou me perguntando, porque não fiz isso antes?
Detalhe, nunca havia lido nada do Erik Larson também, apesar de ter mais outro livro dele na estante (Fulminado por um raio), esse foi o primeiro.
Quando comprei pensei que era um romance histórico e para minha agradável surpresa não é.
A leitura foi uma avalanche de descobertas, eu nunca tinha ouvido falar sobre essa Feira mundial de Chicago, não sabia que nele tinha sido erguida a primeira roda gigante (e a bicha era enorme), não conhecia a história de H. H. Holmes, entre várias outras coisas.
A feira foi uma proposta do pessoal lá dos EUA que estava com dor de cotovelo porque os franceses haviam feito uma feira grandiosa em Paris, onde na oportunidade foi inaugurada a Torre Eifel que foi considerada um marco, e os americanos como bons invejosos, e sempre querendo ser donos do mundo, decidiram que tinham que fazer uma versão muito maior e mais pomposa do que a francesa.
E os caras conseguiram, o Congresso aprovou, houve disputa entre cidades para ver quem sediaria, após isso foram 3 anos de trabalho, muita gente envolvida, acidente acontecendo, trabalhador morrendo, um dinheirão investido, uma quantidade estrondosa de matéria prima consumida, em 1893 estava tudo pronto. Tudo isso para ser inaugurado em maio e ser demolido no final de outubro. O principal responsável pela empreitada foi o arquiteto Daniel H. Burnham.
Mesmo com os relatos, fotos e o mapa que estão no livro, pra mim é impossível mensurar o tamanho de tudo. Dá pra se ter uma pequena noção das dimensões, mas a minha vontade era estar lá para ver com meus próprios olhos.
Nesse meio tempo chega a Chicago um homem que se identificava H. H. Holmes e se apresentava como médico. Ao que tudo indica foi atraído até ali pela iminência da feira. Ele comprou um terreno, construiu um prédio que funcionaria como hotel e também abatedouro das suas vítimas. Além de assassino em série, ele também era golpista e caloteiro. Fugiu de Chicago quase na mesma época do fim da feira, foi preso tempos depois por fraude de seguro e após investigações foi levado a julgamento por assassinato, sendo então condenado a morte na forca.
Pra quem curte arquitetura, história, fatos e acontecimentos macabros, investigação policial, eu recomendo demais a leitura desse livro.