Jeffrodrigues 09/10/2016“… por mais estranhos ou macabros que alguns incidentes pareçam, esta não é uma obra de ficção. ”Sinopse Intrínseca: Assassinato, magia e loucura na feira que transformou os Estados Unidos. No final do século XIX os Estados Unidos eram uma nação jovem e orgulhosa, ávida por afirmar seu lugar entre as maiores potências mundiais. Nesse contexto, a Feira de Chicago de 1893 teve papel fundamental: tinha o objetivo de apresentar a maior e mais impressionante exposição de inovações científicas e tecnológicas já idealizada. A poucas quadras dali um prédio estranho e complexo nomeado Hotel da Feira Mundial era, na verdade, um palácio de tortura, para aquele que ficou conhecido como possivelmente o primeiro serial killer da história americana.
Crítica: O Demônio na Cidade Branca foi meu primeiro contato com a obra do Erik Larson, e serviu como um excelente cartão de visitas para desbravar os outros títulos do autor já publicados no Brasil.
O livro nos joga na Chicago dos fins do século XIX para mostrar a determinação da cidade em sediar com grande estilo a Feira Mundial de 1893, realizada para comemorar os 400 anos do descobrimento da América por Colombo. Somos transportados com uma riqueza impressionante de detalhes para os bastidores do grupo pensante que enfrentou todos os obstáculos, prováveis e inimagináveis, para mostrar ao mundo que era capaz de algo grandioso, que superasse os grandes eventos europeus.
A primeira das duas histórias narradas no “Demônio” acompanha o arquiteto Daniel Burnham e seu grupo de renomados arquitetos e paisagistas na saga de colocar o mundo dentro de um espaço de quase 2,5km². Construir pavilhões de exposições com atrativos capazes de impressionar as pessoas, desbancar a Exposição Mundial de Paris com sua torre Eiffel (inaugurada especialmente para este fim), e fazer história. Assim vai nascendo a “Cidade Branca”, como ficou conhecida.
Em outro ponto, somos apresentados a H. Holmes, possivelmente o primeiro serial killer americano. E aqui reside a excepcionalidade do trabalho de Larson. Ao invés de se limitar a narrar episódios, ele mergulha na mente do assassino graças a um minucioso trabalho de pesquisa. Com isso, a narrativa é enriquecida com os pontos de vista do próprio Holmes, as formas como ele encarava seu “serviço”, suas dissimulações e até mesmo sua engenhosidade em passar despercebido.
O maior atrativo de O Demônio na Cidade Branca é justamente o fato da história, real, ter sido romanceada com uma riqueza de detalhes assombrosa. Os diversos trechos com aspas, que reproduzem cartas e mensagens trocadas entre os personagens, notícias de jornal, atas, inquéritos e diários, colaboram em muito com o autor em seu intuito de nos colocar, literalmente, naquele ambiente. Acho impossível não se envolver com a Feira e se imaginar percorrendo todas as atrações, ou imaginar o quanto algumas inovações deixaram as pessoas da época boquiabertas. A Feira de Chicago legou ao mundo inúmeros avanços através das ações (e sonhos) de homens que mudaram a forma de se pensar as cidades nos EUA e que, talvez, tenham preparado a geração do século XX que estava por vir.
Ao mesmo tempo, perto daquele local, uma mente perversa atuava com frieza e crueldade executando pessoas. E aqui cabe apenas recomendar a leitura. Não há muito o que se falar sobre alguém que matava pelo prazer de poder controlar o outro. O prazer de saber que o destino, a vida, de alguém depende unicamente da sua vontade.
O Demônio na Cidade Branca é indispensável para quem gosta de suspense, horror, romance histórico, aventura… Para quem gosta de uma história muito bem contada sobre sonhos, realizações e loucura.
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