Camille.Pezzino 28/12/2019
UM DELÍRIO INFANTIL
A obra The Sandman, quadrinhos roteirizados por Neil Gaiman, é um sucesso contemporâneo que extrapola a própria obra. Dos setenta e cinco volumes iniciais, diversos spin-offs, quadrinhos curtos e longos surgiram. Um dos mais fofos, delicados e voltados – literalmente – para o público infantil é Os Pequenos Perpétuos, escrito por Jill Thompson.
Esse spin-off voltado para crianças de todas as idades possui dois volumes: Os Pequenos Perpétuos e A Festa de Delirium. Ambas as narrativas exploram o universo dos Perpétuos, também chamados de Sem Fim, os quais são personificações dos aspectos intrínsecos do ser humano. Eles são sete irmãos que surgiram antes mesmo dos deuses e morrerão muito depois deles, quando os homens já não existirem mais. Neil Gaiman, em The Sandman, destaca Morpheus, o Sonho.
Em inglês, na língua original dos quadrinhos, torna-se um pouco mais interessante falar sobre esses irmãos, visto que todos os sete – aspectos intrínsecos – começam com a letra D e, em ordem de nascimento, são: Destiny (Destino), Death (Morte), Dream (Sonho), os três irmãos mais velhos. Destruction (Destruição), o quarto dos irmãos a surgir. Desire (Desejo) e Despair (Desespero) são irmãos gêmeos, logo, passaram a existir ao mesmo momento. Por fim, a mais importante de Os Pequenos Perpétuos e a última das irmãs: Delirium (Delírio).
Delirium é a protagonista de A Festa de Delirium, como é extremamente importante em Os Pequenos Perpétuos. Cada uma das narrativas trabalha diferentes aspectos de um mesmo caminho, muito embora sejam da mesma autora e utilizem uma base narrativa comum para histórias infantis. Para ler cada uma das tramas, você não precisará da outra como base por serem independentes entre si.
O primeiro a ser lançado pela editora Panini, em fevereiro de 2014, foi Os Pequenos Perpétuos. A trama se centraliza em Barnabas, o cão de Delirium, que perde sua dona – ou melhor, ela se perde dele. Depois disso, desesperado com o desaparecimento dela, o cão segue em uma busca para encontrá-la, passando por todos os outros seis reinos. De cada um dos Perpétuos, ele recebe um presente que o ajudará nessa jornada.
Essa narrativa trabalha uma ideia muito comum nas histórias de contos de fadas desde muito tempo, encontradas em histórias como João e Maria, por exemplo, que é a perda, o afastamento do lugar seguro – ou de alguém importante – e, principalmente, no meu ponto de vista, os limites da independência. A partir das narrativas infantis ou de contos de fadas, as crianças começam a construir, em sua mente, percepções de mundo e se inserem nelas, logo, em narrativas em que há algum personagem que sumiu e outro que precisa encontrá-lo e está preocupadíssimo, a criança é capaz de se pôr no lugar, tanto do personagem desaparecido quanto do personagem preocupado, porque as emoções do texto – no caso, quadrinho – ultrapassam as fronteiras da realidade, onde adultos se perdem e crianças se sentem em casa.
Logo, a criança é capaz de, ao lado de Barnabas, enfrentar os obstáculos, encontrar os outros perpétuos, bem como buscar por Delirium, a amiga perdida. Além disso, encontra um mundo novo com muitas possibilidades para explorar.
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