O Deserto dos Tártaros

O Deserto dos Tártaros Dino Buzzati




Resenhas - O Deserto dos Tártaros


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Leila de Carvalho e Gonçalves 27/02/2020

Obra-Prima
Lançado em 1940 na Italia, Il deserto dei Tartari ou O Deserto dos Tártaros só foi publicado no Brasil 44 anos depois, um hiato que surpreende em virtude do sucesso que alcançou o livro ao redor do mundo, sendo considerado a obra-prima de Dino Buzzati.

Advogado de formação e jornalista de profissão, o escritor trabalhou 40 anos no Corriere de la Sera onde se aposentou como redator-chefe e foi na redação desse jornal, enquanto cumpria o entediante período notirno, que lhe ocorreu a ideia do livro. Atiçamento, sua história revela o temor de Buzzati em permanecer na obscuridade, isto é, ter seus livros conhecidos por um reduzido número de admiradores, algo que já ocorrera com os dois anteriores.

Apresentando um clima misterioso e angustiante, o romance gira ao redor de Giovanni Drogo, um militar de carreira, designado para servir no remoto Forte Bastiani. Localizado numa região montanhosa e defronte a um deserto, o local já foi uma importante defesa contra os tártaros, mas atualmente sua única função é aguardar a volta do inimigo. O protagonista passa os dias vasculhando o horizonte de cima das muralhas, ansiando por uma batalha que poderá justificar sua vida e torná-lo um herói, mas sem maiores novidades, tudo que lhe resta é uma rotina insossa, marcada pela rígida disciplina e obstinação.

Em linhas gerais, o livro trata da acomodação gerada pelo ramerrão diário e de como ela molda as expectativas, desconsiderando a passagem do tempo e a própria finitude da vida. De caráter existencialista e surreal, a narrativa, saturada de humor negro, não se restringe à vida militar. A bem da verdade, é mais apropriado considerá-la uma alegoria sobre a nossa existência e relevar esse aspecto é apequenar as questões morais e o conteúdo filosófico que ela abarca.

Finalmente, recomendo o filme homônimo (1976), dirigido por Valerio Zurlini , e o ensaio de Antonio Cândido sobre o romance. Ele pode ser encontrado no livro ?O Discurso e a Cidade?, mas também está disponível na internet, porém, devido aos spoilers, deixe para ler após o desfecho da obra.

Nota: Com boa tradução e breve Apresentação de Ugo Georgetti, o e-book atendeu minhas exigências.
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DeiaMolder 19/02/2020

Leitura concluída.
Nossa!!!!! Esse livro provou que não há a mínima necessidade em fazer trilogias, quadrilogias e assim por diante, para que o livro dê seu recado e seja ótimo.
Esse livro nos traz algo de bom, nos ensina a não termos espectativas, que esta é nociva a alma.
Eu adorei e já estou com saudades de Giovanni Drogo.
Livro ótimo !!!!!!
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Pedróviz 08/02/2020

O deserto de cada um
O Deserto dos Tártaros é um livro que mexe com a imaginação e com a alma. Com a imaginação porque é difícil não despertar a curiosidade um livro com esse título. Com a alma porque o enredo criou mesmo alguma identificação com este leitor. Quantos leitores não defrontam seus próprios desertos, esperando que algo saia deles?
***
O protagonista, um oficial de um exército, escolhe por engano um forte retirado para se apresentar, acaba se acomodando e desiste de uma vida inteira em função de um sonho de glória ante a remota possibilidade da invasão naquela remota fronteira do seu país com o país tártaro. Seus colegas optaram por uma vida plena nos quartéis nas cidades. O tempo passa inexorável diante das montanhas impassíveis. Um dia eles chegam, ele é um oficial graduado, porém adoeceu seriamente naqueles anos todos. Seus colegas, contudo, chegam saudáveis da cidade para assumir o controle da situação que por tanto tempo ele aguardou. No final das contas, o protagonista, que passou toda a vida na função de aguardar o inimigo, está doente e é dispensado quando ele chega. Os colegas que não esperaram anos na solidão é que terão a glória de enfrentar os tártaros.
Disso tudo eu concluo: A vida não deve ter um propósito único. Os propósitos não devem ter caráter obsessivo. Não se deve desesperar quando o propósito se perde.
Para o protagonista a vida perdeu o sentido quando seu propósito é frustrado.
Cinco estrelas e entra para a galeria dos preferidos, dos inesquecíveis, dos que mexeram com a alma do leitor.
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Carla Patricia 13/01/2020

Envolvente
Muito boa leitura! Parece algo tão distante e ao mesmo tempo é possível fazer um paralelo com nossas própria vida e o que esperamos dela. Recomendo a leitura, rápida e fácil.
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Guilherme 07/10/2019

Giovanni Drogo sofreu para se tornar um oficial e finalmente ele conseguiu, mas ele não está feliz com isso, quando ele chega ao forte Bastiani nenhuma de suas fantasias sobre um futuro glorioso cheio de conquistas e honras militares parece estar ao alcance, tudo ali está parado no tempo, inclusive os soldados que defendem aqueles muros contra o nada. Drogo se vê envolvido nessa aura e para no tempo também, mas ele ainda é jovem tem muito caminho pela frente, a vida ainda está esperando para acontecer.

É esse o tema do livro, esperar a vida acontecer, Drogo e aqueles que ainda são jovens sempre tem a esperança de que os Tártaros hão de chegar e com eles virão as batalhas e o reconhecimento militar. Mas os Tártaros não vem e eles não percebem que o tempo não para, só os mais velhos que percebem isso e eles perceberam tarde demais.

A rotina toma conta da vida de todo mundo, os dias são iguais, e o futuro parece não chegar e o passado se transforma num amontoado feito da mesma matéria homogênea, anos passados dão mais a impressão de dias. Qualquer coisa que foge ao ordinário ganhas escalas fantásticas numa ânsia para a quebra daquela mesmice, mas a rotina logo se restaura.

Quando se é criança os dias parecem tão longos, as aulas são intermináveis, mas as tardes o são, e as férias ganham proporções ainda mais épicas, era uma sensação de que nunca ia terminar, e mesmo quando isto acontecia sempre existia a certeza de que ia ter mais, para sempre, outra chance de aproveitar direito, aproveitar cada segundo, mas isso é balela, só existem chances limitadas e a gente não sabe quantas vão ser. Você pode desperdiçar desperdiçar sua última chance se não começar agora.
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Silvestarley Oliveira 08/08/2019

Sublime!
Vários sentimentos análogos e ambíguos experimentei nessa leitura! O livro trata de como as decisões que tomamos ou deixamos de tomar nos levam por caminhos muitas vezes sem volta. Reflexão sobre nossa solidão, ambição, esperança, passividade, aspiração, fantasia, realidade, desilusão, jovialidade, morte. Aqui, tudo nos é apresentado de uma forma intensa. A obra se encaixa perfeitamente com questões atuais e deve ser sempre relida, pois remete a reflexões das condições humanas. Provavelmente, se irá descobrir novos detalhes a cada vez que nos deliciarmos nessa leitura. Livros como esse são incômodos porque parecem espelhos mágicos que obrigam o leitor a olhar para a própria vida e para as prisões nas quais se encarceram. Há livros que são lições para vida, e este é um deles!
Cibele.Prates 08/08/2019minha estante


Danielle 08/08/2019minha estante
Maravilhoso esse livro! ?tima resenha. ;)


Natalia_Medeiros 12/10/2022minha estante
Me deixou com vontade de conhecer a obra e o autor.




Adriana Pereira Silva 09/07/2019

O SILÊNCIO DO TEMPO
Dino Buzzati é um italiano da pequena cidade de Belluno, um local com muita névoa e frio.
Sua obra, um clássico europeu, foi publicada em 1940, tendo sido retratada sob os mesmos olhos da região do autor, tendo uma atmosfera rarefeita.
A história possui uma escrita agradável, fluída, que me prendeu pelo coração e observação de sentimentos.
Buzzati retrata a vida de todos nós, fala da vida como uma aposta na imobilidade.
Conta a vida de um jovem tenente Giovanni Grobo, que é indicado para trabalhar no Forte Bastiani, uma fortaleza nas montanhas, que fica numa zona de fronteira. Ao lado do forte há um deserto. O forte tem a finalidade de guardar de possível ataque dos tártaros, que costumavam chegar invadindo exatamente por esse lugar.
No entanto, os anos vão passando, antes de Grobo chegar, e depois, e nada acontece. Sua vida é baseada na guarda do forte, observando o deserto através dos muros, imaginando e ansiando pelo dia da invasão dos tártaros, destacado pelo grande dia em que um fato notável justificará sua vida.
Com isso, o tempo vai passando e Grobo e seus companheiros não conseguem se distanciar do forte, ir embora, fazendo da esperança do ataque o sentido para suas vidas.
?A uma certa idade, esperar dá mito trabalho, não se reencontra mais a fé de quando se tinha 20 anos...? (p. 63)
Enquanto isso, na vida que deixou para trás, as pessoas vão se distanciando, seguindo suas vidas e Grobo sente-se sozinho, essas pessoas antes tão familiares, tornam-se desconhecidas e distantes devido a sua longa ausência e falta de convivência, nada mais soa como familiar em sua cidade, sua antiga vida.
?É difícil acreditar numa coisa quando se está sozinho e não se pode falar com ninguém.? (p. 106)
?O tempo passou tão veloz que a alma não conseguiu envelhecer.? (p. 109)
?... conservava-se ele... aquele profundo pressentimento de coisas fatais, uma obscura certeza de que o bom da vida ainda estava para começar.? (p. 112)
Assim, a obra nos leva a refletir sobre a vida, sobre o comodismo, a zona de conforto em que a maioria de nós se coloca, deixando os fatos da vida nos paralisar e o tempo ir passando. Quando nos damos conta, a vida já se esvaiu por entre nossas mãos e dela nada fizemos por termos ficado imóveis e sem atitude diante dela, nada deixando de legado.
E isso é muito notório nos dias atuais, ao qual as pessoas ficam tão ocupadas e distraídas com seus problemas, trabalho, tecnologia em mãos, que se esquecem de viver. Esquecem-se que o tempo passa e com ele nós vamos com ele. Ao nos darmos conta, ficamos inertes, sozinhos, sem atitudes, e teremos a sensação de nada termos feito de significante, realizado, deixado nesta terra, tanto em relação a relacionamentos quanto ao material.
Portanto, identifiquei-me profundamente com Grobo, levando-me a refletir sobre como encaramos e vivemos a vida, se a aproveitamos e respiramos profundamente cada momento que temos à frente. Ou se nos deixamos levar pela vida ou sempre estamos enfrentando a zona de conforto para sairmos dela e podermos viver totalmente tudo o que a vida nos reserva, correndo atrás de nossos sonhos e realizando cada um deles.
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Erica 05/06/2019

Todos temos nosso deserto pessoal.
O Deserto dos Tártaros é um livro de poucas páginas, mas a leitura pode ser demorada. Isso porque o livro pode despertar uma certa melancolia, que exige pausas.
Trata-se de uma alegoria sobre a relação do homem com o tempo, com a espera, com a expectativa de um acontecimento grandioso na vida que faça valer a existência.
Giovanni Drogo, que ainda jovem é convocado para prestar serviços militares no forte Bastiani, aguarda por muitos anos uma guerra para colocar à prova sua dedicação ao serviço.
Todos nós somos um pouco Drogo e enfrentamos, em algum momento da vida, nosso deserto pessoal.
De muitas formas, a narrativa nos faz refletir sobre nossa relação com o tempo e nossas expectativas futuras. Vale muito a leitura.

"Do deserto do norte devia chegar a sorte, a aventura, a hora milagrosa, que, pelo menos uma vez, cabe a cada um. Para essa vaga eventualidade, que parecia tornar-se cada vez mais incerta com o tempo, os homens consumiam ali a melhor parte das suas vidas."

"(...) o tempo se consumira com seu ritmo imóvel, idêntico para todos os homens, nem mais lento para quem é feliz nem mais veloz para os desventurados."
Gah Scudeller 05/06/2019minha estante
Esse livro não sai da minha cabeça! É fantástico!


Erica 05/06/2019minha estante
Oi! Sim, ele me marcou muito também. Considero uma leitura essencial e acho que deveria ter lido antes. Não só o tempo, mas também a solidão é muito bem retratada nesse livro. Como a luta pelo poder e reconhecimento distanciam os homens e os tornam perversos e introspectivos... poderia ficar horas discorrendo sobre esse livro. Uma obra-prima, de fato.


Gah Scudeller 05/06/2019minha estante
É mesmo Érica! É um livro maravilhoso, com muitas mensagens!!! Um livro pra sempre ser relido!!!!




Natália | @tracandolivros 01/06/2019

O Deserto dos Tártaros
Giovanni Drogo se vê feliz por finalmente poder escapar da monotonia da academia militar, sendo enviado para o forte Bastiani, onde ele acredita que terá um belo futuro tendo que cuidar da fronteira, sempre vigiando.

Contudo, ao chegar no forte ele descobre que nada nunca aconteceu por lá, que todos sempre esperam, mas que nunca apareceu uma viva alma com desejo de atacar eles. E mesmo assim, todos continuam na esperança de que um dia a guerra vai chegar e a vida deles terá um propósito.
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“Ontem e anteontem eram iguais, ele não mais sabia distingui-los; um acontecimento de três dias antes ou de vinte acabava por parecer-lhe igualmente distante.”
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“O Deserto dos Tártaros” é um livro que fala sobre a espera. Sobre como nós sempre continuamos numa rotina, onde tudo é igual, sempre esperando o momento em que vai acabar toda a monotonia e vai acontecer algo legal. Como quando trabalhamos a vida toda esperando a aposentadoria para relaxar.

No início eu tive problemas para me conectar com a história, e acredito que era só porque eu não estava no animo certo para ler o livro. Depois de uma pausa, quando voltei, a segunda metade do livro fluiu de uma forma incrível que me fez esquecer o desanimo que eu estava sentindo no começo.

Achei que a forma como o autor descreveu tudo foi muito bem feita, ele deixa clara a sua ideia e o que ele deseja tratar durante o livro. É um assunto diferente e eu também concordo com isso. E as vezes sinto que meus dias são todos iguais. Eu sou uma pessoa que gosta de rotina, de ter tudo programado, mas também não gosto de que tudo pareça sempre o mesmo dia. Enfim, é um livro que nos leva a refletir como estamos levando nossa vida.

site: https://www.instagram.com/p/Bs1DV16gkRO/
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Fabiana Vicentim 10/03/2019

Espera, solidão e o absurdo da rotina
A obra é bastante associada ao existencialismo, mas mais precisamente é possível associá-la a uma ramificação - que se tornou independente - dessa vertente filosófica: o absurdismo de Camus. Se no existencialiamo há ainda um certo otimismo em relação à existência de sentido ou objetivo para a vida, no absurdismo fica sempre a incógnita do talvez. E é isso que sentimos com Drogo em sua eterna espera e, mais que espera, a eterna repetição como no mito de sísifo que é a base teórica de Camus para explicar a repetição, rotina e angústia da vida. Essa é a sensação de vazio e falta de sentido ou o Absurdo da qual o filósofo descreve. É possível criar um sentido, como vemos Drogo fazendo por toda sua vida, focando suas esperanças em uma possível guerra e glória, mas sua espera sempre frustrada mostra o quanto, na verdade, isso é só um pretexto para continuar a viver e mirar aquele deserto que representa o nada da vida e que, aí sim, podemos apontar ao existencialismo sartreano.
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Ingrid_mayara 04/03/2019

O que você está fazendo da sua vida?
O deserto dos tártaros faz pensar no quanto a gente espera que um dia aconteça algo que nos recompense pelas nossas atitudes. Estamos aproveitando a vida ou apenas aguardamos nosso melhor momento? Quantas vezes nos deparamos com grandes dúvidas que começam com “e se…”?

Recomendo a leitura a pessoas que gostam de livros com enredo simples e narrativa existencialista. Embora a obra seja de fácil entendimento, é provável que seu sentido seja melhor aproveitado ou proporcione maior identificação na idade adulta.


site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
Dan 05/03/2019minha estante
livro magnífico!




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