Rafaela B 26/05/2017
Bernice Corta o Cabelo
Quem nunca ouviu falar do livro O Grande Gatsby ou mesmo viu uma de suas adaptações para o cinema (a versão de 1974 estrelada por Robert Redford é maravilhosa, ainda não vi a que o Leo DiCaprio estrelou)? Esse é o livro mais famoso de F. Scott Fitzgerald, um dos autores da Geração Perdida, mas ele tem muitos outros livros, alguns tratando da classe rica da década de 20. Histórias banhadas com muita intriga, bebida (ilegal) e Jazz.
Em Bernice Corta o Cabelo temos duas primas, Marjorie, a popular e bonita garota rica que derrete o coração de muitos garotos com seu jeito confiante e atrevido para a época e sua prima, Bernice, que apesar de bonita é quieta, não sabe se relacionar com os garotos e é careta, achando os modos de sua prima vulgares e impróprios.
Porém, um dia, cansada de ser considerada um fardo para sua prima nas festas e do desprezo dos rapazes, ela aceita que Marjorie a ajude a se tornar popular e confiante e aí começa a desavença entre as duas, pois Bernice se torna o centro das atenções até mesmo do rapaz apaixonado por Marjorie se encanta por Bernice e a prima não aceita isso.
Uma das maiores rebeldias da época era cortar o cabelo e Bernice vive dizendo que vai cortar curtinho as suas madeixas castanhas, mas ela fala isso da boca para fora e sua prima sabe disso, então ela usará isso para acabar com a popularidade da prima e voltar a ser o centro das atenções. Isso afetará a vida das duas e suas visões de mundo nunca mais serão as mesmas.
É um conto curto, dá para ler de uma vez só, parece uma história superficial mas, com certeza, irá fazer com que a pessoa reflita após ler. O autor mostra de uma forma simples e gostosa a juventude da época (e podemos dizer a atual), com sua superficialidade e o desejo de chamar a atenção, sacrificando até mesmo quem é somente por um pouco de fama ou no caso de Bernice, por aparência e respeito, pois tanto a prima popular como a prima reservada representam papéis e deixam de ser elas mesmas somente para que as pessoas reparem nelas.
A edição da editora Lote 42 é linda, com ilustrações belíssimas de Mika Takahashi e tradução de Juliana Cunha com um pequeno posfácio imperdível desta.