Ana Laura 11/12/2015
Uma bomba!
Em pânico, chocada, estupefata, gritando e, acima de tudo, incrivelmente triste. Esse era meu estado emocional após o término de A Verdade sobre o Caso Harry Quebert. Pela descrição, já fica claro: o livro alcançou minhas expectativas, e mais - superou-as. Não é todo dia que se encontra uma obra avassaladora capaz de desestabilizar todo e qualquer pilar de certeza que temos. Felizmente, esse é o caso excepcional do livro de que tratamos.
Confesso que não sou muito adepta ao gênero literário que aborda investigação, mas, graças à influência de uma amiga, adquiri A Verdade sobre o Caso Harry Quebert e embarquei nessa jornada imensuravelmente misteriosa, cheia de personagens intrigantes e intermináveis conflitos.
O local era Aurora, New Hampshire, Estados Unidos. 30º dia do mês de agosto, 1975. O desaparecimento da filha do pastor local, Nola Kellergan, de apenas 15 anos, desestabiliza a cidade. Por 33 anos, o destino da garota permanece desconhecido... até 2008. O corpo de Nola é encontrado enterrado no jardim do célebre escritor Harry Quebert, que, tido como assassino, fica sujeito à pena de morte. Em meio à confusão, surge na cidade Marcus Goldman, ex-aluno de Quebert e, atualmente, um escritor sem inspiração.
Goldman, provavelmente o único amigo de Quebert, inicia uma investigação minuciosa, convencido de que o mesmo jamais teria cometido tal ato. O que ele descobre, no entanto, é perturbador. Harry, com 34 anos, e Nola, com 15, eram um casal. E isso é somente o começo de uma história intrigante, que remonta aos tempos de amores proibidos e segredos em uma cidadezinha pacata do leste dos Estados Unidos.
É nesse clima de tensão que Joël Dicker vai arquitetando uma história escrita de forma dinâmica e impossível de abandonar, em que mistérios são desenterrados tão rápido quanto você lê este parágrafo.
A Verdade sobre o Caso Harry Quebert foi, talvez, o melhor livro que li em 2015. Enquanto acompanhava a história de Goldman e Quebert, o livro virou minha sombra - não é à toa que delonguei-me até altas horas da madrugada para terminá-lo. A história é daquelas que não te deixa desgrudar um minuto. O leitor imerge dentro daquele universo repleto de reviravoltas, acompanhando Marcus em sua investigação e, quando se vê, já está bancando o detetive e lançando seus próprios palpites. De quebra, Joël Dicker ainda nos presenteia com reflexões sobre a arte da escrita - no livro, as 31 Lições de Harry Quebert para Marcus Goldman.
Simplesmente não existem palavras suficientes para descrever a genialidade com que a trama se desenrola. A Verdade sobre o Caso Harry Quebert é aquele tipo de livro que tu já deverias ter lido para ontem.
Apropriando-me da última Lição de Quebert, transmito-lhes o sentimento que me invadiu ao folhear a 576ª e última página:
"? Um bom livro, Marcus, não se mede somente pelas últimas palavras, e sim pelo efeito coletivo de todas as palavras que as precederam. Cerca de meio segundo após terminar o seu livro e ler a última palavra, o leitor deve se sentir invadido por uma sensação avassaladora. Por um instante fugaz, ele não deve pensar senão em tudo que acabou de ler, admirar a capa e sorrir, com uma ponta de tristeza pela saudade que sentirá de todos os personagens. Um bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter terminado"