Tamirez | @resenhandosonhos 07/08/2018MISTBORN #2: O Poço da AscensãoEu comecei esse livro sem saber muito o que esperar. Apesar de um livro de preparação, Império Final nos entregou uma tonelada de informações para digerir em seu último trecho, chocando inclusive com algumas situações que se apresentaram. O problema que poderia durar a trilogia inteira pareceu ter sido “resolvido”, mas, claro, abriu portas para que algo maior tomasse seu lugar em O Poço da Ascensão.
A principal grande mudança é o amadurecimento de Vin. Ela abraça as responsabilidades de ser a única nascida das brumas do lado deles e, por sua relação com Elend, a importância de estar sempre de olhos abertos é muito clara. Além do toque inicial de ter a protagonista bem posicionada desde as primeiras páginas, é possível ver como ao longo do livro ela vai se moldando e desdobrando em novas descobertas e facetas. Vin, cresce e ascende a algo cada vez mais poderoso e que exigirá dela muito controle. A garota vai melhorar seu controle sobre os metais, dominar sua alomância e também fazer alguns experimentos novos, abrindo outras oportunidades.
A relação com Elend Venture, que poderia ser algo a criar um chatíssimo romance aqui, acaba entrando na medida certa. Os dois tem um relacionamento. Ponto. Não há grandes debates sobre isso, até que se torne algo levemente relevante. Ele aceita sua posição e ela a dele. Não há a a imposição de mudança que implicaria em drama. É uma situação saudável onde duas pessoas que se amam entendem suas diferenças e os papeis que tem a cumprir. Muito obrigada por isso, sr. Sanderson.
“As profecias nunca foram feitas para dizer nada específico, mas falar de um sentimento geral. Uma esperança geral.”
No âmbito “real”, porém, Elend está em apuros. Sua posição só se sustenta baseada em suas conexões e sangue azul. Ninguém o vê realmente como alguém imponente que tem condições de governar o reino e segurar Luthadel. E, isso não melhora quando seu pai bate a porta. A questão é que seus inimigos acham que ele detém controle de todo o atium do Senhor Soberano, o que passa longe de ser verdade. O metal não foi encontrado e sem ele tanto Vin fica desprotegida para lutar com outro nascido da bruma em igualdade, como a cidade fica pobre e não possui o que negociar em troca de comida. O que em um cerco é realmente um problema.
Outros personagens que tem papel importante são os demais membros da trupe de Kelsier, como Ham, Dockson, Trevo e Brisa. Mas dentre os coadjuvantes, é Sazed, o guardador e Ore Seur, o Kandra, que acabam por tomar mais tempo em cena e representar coisas importantes. O primeiro está em missão longe da cidade, e é até ele que chegam alguns rumores assombrosos de que as brumas não estão mais respeitando os limites entre o dia e a noite. Já o segundo, herdado por Vin da relação com Kelsier, é quem consegue nos mostrar ainda mais sobre o interior da protagonista. Ela mant;em uma distância e um asco fortíssimo da criatura pelo seu papel no plano do antigo líder, porém, aos poucos, a relação estabelecida entre os dois se torna mais densa e há um elo muito interessante brotando disso.
O Poço da Ascensão não foge do estilo de preparação que o autor gosta de aplicar. Porém aqui a dinâmica é um pouco diferente. Há um medo constante de que a qualquer momento algo ruim vá acontecer. Um exército pode avançar, um ataque surpresa por surgir, um assassino pode aparecer e é difícil saber para o que estar preparado. Mas mesmo com a constante construção de clima, esse livro parece mais bem arquitetado e mesmo nos momentos de montagem das situações, eu estava intrigada com o que cada personagem estava vivendo.
“Não somos homens de princípios. Somos ladrões. Cínicos.”
Há cenas incríveis de batalha nesse volume, uma no final é realmente muito boa e gera também novas formas de enxergar vários personagens pelo jeito como eles se comportam sob pressão e em meio a violência. Muita gente que nos foi apresentada de uma forma a um primeiro olhar, será desvendada mais e mais aqui, ou mudará um pouco sua visão das coisas pelas situações que vão se impor.
O desenvolvimento do dom da alomância, e das brumas, com a ajuda da nova perspectiva que surge com o nascido das brumas que se insere nesse livro é também um bônus a mais. É impossível não ficar curioso com as implicações e consequências e ver o quão pouco ainda sabemos sobre tudo isso.
Temos capítulos de outros olhos além dos de Vin, e isso ajuda a deixar a história mais dinâmica. Além disso novos personagens vão ser incluídos e, como era de se esperar, alguns nomes também serão riscados da lista como vemos ser possível desde o primeiro livro.
Eu acho que gostei mais desse segundo livro, mas também fico um pouco em dúvida. Eles são bem parecidos, mas ao mesmo tempo diferentes pelo cenário e posicionamento em que a trama está. Há várias cenas divertidas aqui também e outras mais sombrias. Há um personagem que “conversa com Deus” que deixa a coisa mais sombria e faz com que pensamos o quanto o poder pode também levar uma pessoa a um certo nível de loucura.
Fora a história principal também temos aqueles pequenos trechos do diário e da lenda, que se intensificam aqui porque vão ser estudados por Sazed, dando mais visibilidade a essa questão. Porém, no final, algo acontece que me deixou de pé atrás. Sabe aquela solução fácil que vem do nada, tirada do bolso pra resolver algum problema? Então. Espero encontrar algumas boas respostas em Herói das Eras que justifiquem o acontecido.
Pra quem é fã de fantasia, Mistborn é uma série recomendadíssima e que manteve o nível em seu segundo livro. Eu já estou com o terceiro volume em mãos e é meta para 2017 ainda terminar essa trilogia e estar preparada para os novos títulos do autor que serão lançados por aqui no fim do ano e em 2018.
site:
http://resenhandosonhos.com/mistborn-2-o-poco-da-ascensao-brandon-sanderson/