Andréa Bistafa 20/08/2014www.fundofalso.comA Ilha Caribou irá nos apresentar quatro casais principais, que possuem parentesco entre eles. Gary e Irene, Rhoda e Jim, Carl e Monique e Mark e Karen.
Gary e Irene estão na casa dos 50 e poucos anos. São os pais de Rhoda e Mark.
A família é toda desestruturada e marcada por frustrações. Gary se mudou para o Alaska logo no início do casamento e obrigou Irene a aceitar aquele lugar com a falsa promessa de que seria temporário. Gary nunca conseguiu o que quis na vida, foi se frustrando cada vez mais ao tentar e nunca conseguir nada no ramo profissional. Irene manteve o foco, dando aula na escola local. Eles viveram seu casamento de trinta anos dessa forma.
Rhoda nasceu no Alasca e nunca conheceu nada além daquele mundo frio e limitado. Aos trinta e poucos anos está na expectativa do pedido de casamento do namorado Jim, que é o dentista local. Eles não são casados mas vivem juntos suas vidas mornas.
Mark se mostrou mais rebelde, saindo cedo de casa e cuidando da própria vida. Também continuou vivendo no Alaska, se casou com Karen e vivem bem, apesar de não manter contato com os pais por motivos de afinidade da esposa. E finalmente Carl e Monique são o casal amigo de Mark que estão de passagem.
Devidamente apresentados, vou passar o contexto no qual os personagens se encaixam.
Gary está querendo melhorar o seu relacionamento com Irene que esfrio muito após a aposentadoria da esposa e resolve que o melhor seria construir uma pequena cabana na ilha Caribou, que fica afastada da cidade, o qual você precisa atravessar o rio para chegar até lá. No inverno eles teriam se ficar confinados pois não haveria como atravessar por conta do gelo e é ai que ele acredita que irão se reaproximar. Preciso dizer que Irene odiou a ideia de viver sem conforto nenhum? Quem não odiaria passar frio no Alaska?
Em plano de fundo vamos presenciar o envolvimento de Jim com Monique. A traição pelas costas de Rhoda.
Monique é repugnante, uma vadia barata. Que vai chantagear Jim até não poder mais. E o pior de tudo? Ele gosta disso. Parece masoquismo, mas não aquele bom do 50 Tons rsrsrs
Eu, sinceramente, detestei esse livro. Ele me parecia ter uma proposta boa de relacionamento e eu adoro esse tipo de assunto. Me lembrei de Adultério de Paulo Coelho e pensei que penderia para esse ângulo da coisa. Porém o autor quis descrever detalhadamente a vida corriqueira dos personagens, sem emoção alguma. Acompanharemos todo o processo de construção da cabana, e as constantes brigas entre o casal.
Irene perdeu a mãe que cometeu suicídio quando era ainda garotinha, e talvez seja esse o motivo dela ser tão detestável. É insuportável aguenta-la até o final do livro. Ela é do tipo em que nada está bom. Se fez é porque fez, se não fez é porque não fez. Ela não reconhece nada do que o marido faz por ela. Não que ele faça lá muita coisa, porém ele é travado e tem dificuldade de demonstrar emoções. E ela depois de trinta anos ainda não conseguiu aprender a lidar com isso. Quer ser o centro das atenções o tempo todo. E o que é pior que isso, ela só fica pensando no que deveria fazer, mas nunca toma uma atitude sequer, prefere abaixar a cabeça e ficar se martirizando.
Rhoda é o exemplo de mulher alienada. Está sendo traída debaixo do seu nariz e não nota nada. É extremamente filhinha de mamãe e já tem seus trinta e poucos anos, namora um homem de quarenta e tantos e pretende ficar nessa até Deus sabe quando.
Mark é totalmente indiferente, talvez ele seja o mais certo nessa família de loucos e acho que por isso quase nem aparece no livro.
"A madeira era uma satisfação porque já tivera vida um dia. Era uma forma de vingar-se da terra, de administrar seu pequeno castigo" - Pág 207
A narrativa se arrasta, mas não posso negar a habilidade do autor em descrever os momentos, porém isso se alonga pelas trezentas e vinte páginas onde nada, absolutamente nada acontece.
Eu não abandonei essa leitura porque eu realmente esperava que tivesse um bom final, pelo menos uma lição de moral. Mas o que encontrei me decepcionou ainda mais. Nenhum diálogo, nenhum argumento. O final é frio e cruel. Muitas coisas ficam sem desfecho, e você entende que simplesmente a vida seguiu.
O que está na orelha do livro é a com certeza a frase que mais define esse livro: "Um retrato explosivo da desolação, da violência e do lado mais sombrio da alma humana" só tiraria o explosivo. A paixão não é mostrada em nenhum aspecto, amor não passa nem perto desse livro.
A capa não poderia ser melhor, é sombria assim como o conteúdo frio e sem emoção. Volto a ficar angustiada só de lembrar. Sinceramente, eu não indico esse livro. Leva qualquer um a crer que se casar seja a pior coisa que se pode fazer na vida.
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