Renata CCS 10/09/2014Será que existe uma cópia de você lendo essa resenha?
"A distinção entre passado, presente e futuro é só uma ilusão, ainda que persistente." (Albert Einstein)
Existe uma teoria muito discutida no mundo científico, chamada "Teoria dos Mundos Paralelos.
Segundo essa teoria, existiriam em outras dimensões, mundos idênticos ao nosso, com as mesmas características e pessoas, mas funcionando de uma forma diferente. É uma ideia muito controversa que sugere que o nosso mundo constantemente se divide em linhas do tempo alternativas.
Foi em 1954 que Hugh Everett III, um jovem candidato ao doutorado da Universidade de Princeton, apareceu com uma idéia radical e, para muitos, bizarra: a existência de universos paralelos, exatamente como o nosso, todos relacionados e derivados do nosso e que, por sua vez, seriam derivados de outros. Muito confuso? Concordo. Vamos a um exemplo: uma pessoa suicida-se com um revólver, mas quando disparado o gatilho, é formado um universo paralelo que apresenta à pessoa outros conjuntos de estados possíveis, onde o gatilho não foi disparado ou ainda, em outro universo, o disparo ocorreu e a pessoa foi hospitalizada. Resumindo, as nossas escolhas dividem o nosso universo, e são infinitos o número de possíveis cenários e possibilidades.
E se uma jovem atriz fosse dormir em Los Angeles em setembro de 2009, em um quarto de hotel, e acordasse em um quarto na universidade de YALE um ano antes? Foi isso o que aconteceu com Abby Barnes, a protagonista de PARALELA, livro que chegou as minhas mãos através do sorteio da editora Pavana, realizado através do Skoob.
Sem saber como, Abby vai parar em setembro de 2008, e é com a ajuda de sua melhor amiga, Caitlin, que Abby descobre que um terremoto acontecido um dia antes provocou um estranho fenômeno físico: o abalo sísmico fez com que sua realidade colidisse com sua realidade alternativa. Esse choque de universos faz com que ela troque de lugar com sua paralela, que está vivendo no momento com um ano e um dia de diferença com relação a ela, com escolhas e decisões diferentes. É uma realidade auto-contida em separado, coexistindo com a sua própria. É a realidade que ela teria se tivesse escolhido o curso de jornalismo ao invés de teatro.
Os capítulos do livro vão se alternando com o presente de Abby em 2009 e a vida de sua paralela em 2008. Em alguns momentos ficou um pouco complicado separar Abby de sua paralela - a autora criou uma história onde a personagem principal precisa viver com memórias que não são exatamente dela - mas confesso que foi uma experiência interessante ir desvendando essa confusão de realidades separadas em linhas do tempo alternativas.
Embora eu não curta romances adolescentes, o que acontece nas páginas de PARALELA acabou me prendendo a atenção. Lauren Miller desenvolveu bem a trama, com explicações consistentes e indispensáveis para o bom entendimento do leitor, mesmo que não tenha se aprofundado muito na explicação da existência de mundos paralelos. Uma decisão acertada, em minha opinião, já que o tema é bastante complexo e seria inverossímil ser discutida em profundidade por adolescentes.
Em torno de toda essa confusão, pensamos em como nossas decisões podem alterar nossa vida e de como estaríamos hoje se tivéssemos escolhido um caminho diferente no passado. Afinal, quem nunca pensou "E se eu tivesse ido por outro caminho, minha vida seria muito diferente hoje?
Nada é absoluto e tudo pode mudar com um virar de página. Temos o livre arbítrio e total liberdade de escolha no mundo. Ou não.